(Poder Online/iG, 15/06/2014) Uma das representantes do PT na CPMI da Petrobras, a deputada federal Iriny Lopes (PT-ES) acredita que o sucesso das investigações dependerá da solidariedade da base aliada. “Vamos investigar, mas de verdade”, defende, “sem descambar pros holofotes”.
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Ex-ministra de políticas para mulheres, Iriny também acompanha com apreensão a tentativa da bancada religiosa de revogar a lei 12.845, que garante atendimento imediato pelo SUS a mulheres vítimas de violência sexual.
“Nós já assistimos a isso na eleição de 2010. Acho que é um ato dissimulado. Por que só agora? Por que não paramos para discutir isso seriamente nos últimos quatro anos?”, questiona Iriny.
Poder Online: O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha, está tentando revogar a lei que garante atendimento imediato pelo SUS a mulheres vítimas de violência sexual, sancionada no ano passado. Qual a opinião da senhora sobre isso?
Deputada Iriny Lopes: A única coisa que eu concordo com o Eduardo Cunha é que tem uma polêmica. No Brasil, o debate sobre aborto não se dá de maneira clara. Tem o componente da fé e do machismo, mas deveria ser encarado essencialmente como uma questão de saúde pública, de prevenção. Não podemos deixar de garantir atendimento universal e integral às vítimas de violência sexual.
A senhora acha que essa iniciativa do Eduardo Cunha tem um propósito eleitoral?
Com certeza. Nós já assistimos a isso na eleição de 2010. Acho que é um ato dissimulado. Por que só agora? Por que não paramos para discutir isso seriamente nos últimos quatro anos?
Mas houve uma série de iniciativas da bancada religiosa, nesses últimos tempos, como o Estatuto do Nascituro e tentativa de instalar uma CPI do Aborto.
Nada disso é sério, né? Estatuto do Nascituro, CPI do Aborto… Falta um nível de seriedade e respeito à opinião alheia. O Estado tem que ser laico, para proteger as diversas fés. Nossa Constituição preserva a fé. Milhares de mulheres morrem com o aborto clandestino, mas nas eleições isso vira moeda de troca.
E com relação à CPI da Petrobras, a senhora também acha que tem um viés eleitoral?
Essa CPI foi criada para as eleições. Mas nós vimos como a oposição estava toda lépida e serelepe, na primeira reunião, e depois já deu uma acalmada. Agora, dependerá muito de como será a solidariedade da base aliada. Nós queremos essa investigação, para consolidar a importância da Petrobras para o Brasil. Vamos investigar, mas de verdade. Poderia ser uma CPI tranquila, com um nível de responsabilidade com o povo brasileiro… mas querem descambar para os holofotes. De qualquer forma, acredito que o presidente Vital do Rêgo (PMDB-PB) e o relator Marco Maia (PT-RS) são pessoas sensatas e os requerimentos aprovados já dão um bom termômetro. Vamos ver os próximos passos.
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