(G1) A repórter Mariana Oliveira visitou uma casa-abrigo na Grande São Paulo, onde moram mulheres ameaçadas pelos ex-companheiros e que tentam recomeçar uma nova vida após agressões e ameaças.
Algumas mulheres estão sozinhas, outras com os filhos. Vítimas de violência doméstica, estão ali porque psicólogos e assistentes sociais identificaram que elas corriam risco de morte.
A coordenadora do abrigo conta à reportagem que as mulheres chegam no local com um “sentimento de fracasso”. “A nossa sociedade nos ensinou que somos responsáveis pelo sucesso do casamento, pelo sucesso dos filhos, dessa vida familiar. Então, quando chegam aqui, além da perda material, da perda dos objetos pessoais, chegam com muita raiva, outras com muita tristeza. O sentimento de fracasso é geral e na maioria das vezes elas saem agressivas no sentido de defesa. Elas chegam muito indignadas, ‘eu não dei certo’, ‘eu fracassei’, ‘ele é um criminoso, mas está lá fora solto e eu estou aqui presa’.”
Na opinião da advogada Maria Aparecida da Silva, é uma distorção as mulheres ficarem privadas de liberdade enquanto os agressores ficam soltos. “É injusto e desumano uma mulher ter que se retirar de sua condição de mãe, de esposa, da família, ser retirada de seu convívio, de sua comunidade, para ter de ficar presa enquanto agressor fica solto, é injusto.”
“Nos abrigos, as mulheres fazem cursos e aprendem profissões. Elas ficam nas casas por, no máximo, um ano e meio. Nesse período, técnicos ajudam para a obtenção de um emprego e também auxiliam para que a pessoa regularize a sua documentação pessoal. Depois, cada uma segue a sua vida, muitas vezes em cidades diferentes”, conta a reportagem.
Ouça os depoimentos
Leia essa reportagem na íntegra: ‘Ele cavou uma cova para mim’, diz mulher vítima de violência (G1 – 30/07/2010)