(Senado Notícias, 09/04/2015) Tradicional reduto masculino, o futebol vem pedindo passagem, há exatos 120 anos, para um maior envolvimento com o público feminino. O ano de 1895 marca a data da primeira partida de futebol feminino no mundo e sua celebração poderá estimular a realização de debates e de uma sessão solene no Congresso Nacional. A iniciativa foi divulgada, nesta quinta-feira (9), durante audiência pública sobre o tema “Mulher, esporte e movimento”, promoção conjunta da Procuradoria da Mulher do Senado e da Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados.
Quem trouxe a ideia ao Congresso foi Marco Antonio Teixeira, presidente da Associação Fifa–CIES–FGV–ALUMNI (AFCFA), dedicada à organização de cursos de gestão, marketing e direito no Esporte. A entidade elegeu 2015 como ano comemorativo do futebol feminino e decidiu envolver o Poder Legislativo no incentivo à prática esportiva com a sugestão de algumas ações políticas.
Inicialmente, seriam realizadas três audiências públicas enfocando os 120 anos da primeira partida de futebol feminino; os programas e as linhas de financiamento governamental para a atividade; e o comprometimento de estados e municípios em estimular a adesão das mulheres ao esporte.
Outras frentes sugeridas seriam a elaboração de projeto de resolução para a criação da Medalha Miss Nettie Honeyball — Honra ao Mérito, destinada a homenagear personalidades de destaque no futebol feminino. E também uma sessão solene do Congresso voltada ao incentivo à prática em todo o país.
— O segmento do futebol está dominado pelos homens. Levantamento feito pela Fifa em 2014 revelou que apenas 8% de mulheres têm assento em comitês executivos nacionais — comentou Marco Antonio Teixeira, lamentando o fato de a Fifa decidir investir na formação de atletas femininos apenas US$ 2 milhões dos US$ 100 milhões que pretende aplicar no futebol brasileiro.
Centro de treinamento
A coordenadora geral de futebol profissional do Ministério do Esporte, a ex-atleta do futebol Mariléia dos Santos (Michael Jackson), reconheceu que a falta de apoio ao futebol feminino tem dificultado a preparação de atletas para competições internacionais.
— O Brasil está aquém de outros países e este ano tem Copa do Mundo no Canadá, em junho. Se o país continuar olhando (a prática) com desprezo, não vamos chegar a lugar nenhum — desabafou.
Segundo informou Michael Jackson, a Lei de Incentivo ao Esporte (Lei nº 11.438/2006) vai viabilizar a construção, em Foz do Iguaçu (PR), do primeiro centro de formação de atletas do futebol feminino do país.
Integrante da Frente Parlamentar Mista do Esporte, a deputada federal Conceição Sampaio (PP-AM) se comprometeu a enviar ofício à Fifa para que o volume de investimentos ao futebol feminino seja elevado de US$ 2 milhões para US$ 10 milhões.
O debate sobre a mulher e o esporte contou ainda com a participação da deputada federal Flávia Moraes (PDT-GO), que também é membro desta frente parlamentar; e da representante da Secretaria do Esporte e Lazer do Distrito Federal Karem Raren Vilarins, ex-atleta do vôlei assim como a atual secretária da pasta, a campeã mundial Leila Barros.
Simone Franco
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