(Revista Fórum) Em entrevista à Fórum, “a socióloga Fátima Pacheco Jordão, do Instituto Patrícia Galvão, analisa a vitória parcial de Dilma entre o eleitorado masculino e o fato de Serra concentrar seus melhores índices no eleitorado feminino. Fala também sobre o preconceito que norteia a participação das mulheres na política e afirma que o protagonismo de duas candidatas no atual debate político é uma vitória das brasileiras que lutaram pela igualdade de direitos. Sobre a valorização das questões religiosas e morais nas campanhas, Fátima não se surpreende e fala sobre uma jogada moralista dos setores conservadores para ‘empurrar o país para trás’.”
Leia alguns trechos dessa entrevista:
“Essa eleição é um marco para destruir o mitos de que o brasileiro não vota em mulher para cargos altos, de que mulher não vota em mulher. (…) A sociedade, culturalmente, aceita mais as mulheres, pois vota nelas e precisa delas. Em compensação, as candidatas formulam poucas políticas específicas para o público feminino.”
“A Dilma se beneficiou de uma visão positiva que a sociedade tem das mulheres na política e não retribuiu com políticas específicas, o que já era esperado. Sequer citou, estando sob fogo cruzado, um aspecto importante na questão do aborto, que é a participação do Brasil em dois tratados internacionais de diminuição das restrições ao aborto no país. Ela poderia ter resgatado essa perspectiva, pois isso é ótimo para as mulheres e importante para o Brasil. Mudaria culturalmente o desequilíbrio machista no país. Portanto, tanto a Dilma quanto a Marina olharam com muita timidez para o eleitorado feminino.”
“Ambos os candidatos recuaram nessa questão. A Dilma, assinando compromissos que vão contra os compromissos do Estado brasileiro, e o Serra dando a sua campanha um contexto religioso, que não cabe numa eleição. Então os dois, na minha opinião, foram vítimas de setores da igreja muito bem organizados, que há anos trabalham pela visibilidade das questões morais. Esses setores da igreja, mais da católica e da evangélica, sempre usam qualquer oportunidade de ouro de empurra a sociedade para trás.”
Leia a entrevista na íntegra: O segundo turno e a pauta do conservadorismo (Revista Fórum – 22/10/2010)