(O Globo/Pnud) “A participação das mulheres no mercado de trabalho é muito inferior à dos homens. Mortalidade materna também é alta”. Estes foram alguns dos destaques da matéria do Globo sobre o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2010 divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).
Apontada no relatório como o maior entrave ao desenvolvimento humano, a desigualdade entre homens e mulheres chega a provocar perdas de até 85% no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos países. No Brasil, a desigualdade entre os sexos faz o país perder 63% de seu potencial de desenvolvimento humano, o que faz o Brasil aparecer em 80º lugar na lista de 138 nações e territórios analisados, com índice de 0,631.
Fonte: Pnud, RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) 2010.
Segundo o economista Flávio Comim, do Pnud, embora as mulheres brasileiras tenham participação maior que os homens no ensino médio, isso não se reflete no mercado de trabalho, no qual elas respondem por apenas 64% da força de trabalho, contra 85,2% dos homens. Em outras palavras, os avanços das brasileiras na educação não aparecem em sua presença no mercado de trabalho e nem em sua remuneração.
O RDH 2010 apresenta uma tentativa de medir os efeitos que a desigualdade de gênero provoca sobre o desenvolvimento dos países. Com base em indicadores de saúde, educação e participação na sociedade, foi elaborado o IDG, que mostra que as perdas para o desenvolvimento humano são especialmente altas nos países que investem pouco na saúde reprodutiva da mulher.
Fonte: Pnud, RDH (Relatório de Desenvolvimento Humano) 2010.
Entre os países, a taxa de mortalidade materna é de 7 por 100 mil nascidos vivos na Noruega e chega a 2.100 em Serra Leoa. No Brasil, essa taxa é de 110 para cada 100 mil nascimentos, muito acima da registrada no Chile (16/100 mil). Ao mesmo tempo, a taxa de fertilidade entre adolescentes brasileiras também é elevada: 75,6 nascimentos para cada mil mulheres entre 15 e 19 anos; entre as jovens chilenas, esse número é de 59,6.
Governo critica RDH
Em nota à imprensa, o Ministério da Saúde criticou o Relatório de Desenvolvimento Humano 2010, afirmando que os dados da área da saúde usados para classificar os avanços brasileiros no desenvolvimento humano estão subestimados. “Enquanto o relatório da ONU informa que a expectativa de vida da população seria de 72,9 anos, o governo afirma que os dados do IBGE apontam que esse número chega a 73,4 anos. Já a mortalidade materna – que para o Pnud é de 110 para cada 100 mil nascimentos – está hoje em 75/100 mil nascimentos, segundo a Saúde.”
Veja o infográfico do Índice de Desenvolvimento Humano 2010
A nota destaca ainda que: “No indicador taxa de prevalência de contraceptivos, contido no relatório, não são as consideradas as ações desenvolvidas nesta área. É preciso destacar que o Ministério da Saúde reforçou a Política de Planejamento Familiar no país. As medidas desenvolvidas pelo governo federal incluem maior acesso a vasectomias e laqueaduras, distribuição de preservativos e ampliação do acesso a métodos contraceptivos”.
A nota diz ainda que a taxa de gravidez na adolescência caiu 20% entre 2003 e 2009 para mulheres de 10 a 19 anos. “A redução está diretamente associada à ampliação do acesso a métodos contraceptivos na rede pública e nas drogarias conveniadas do programa Aqui Tem Farmácia Popular, bem como ao fortalecimento das ações de prevenção e planejamento familiar”, declara o Ministério da Saúde.
Saiba mais no site do Pnud: http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=3596&lay=pde
Acesse na íntegra:
Ministério da Saúde critica Relatório de Desenvolvimento Humano de 2010 (O Globo – 04/11/2010)
Desigualdade de gênero impõe perdas ao país (O Globo – 05/11/2010)
Leia também:
Pnud lança índice de disparidade de gênero (Pnud Brasil – 04/11/2010)
Participação feminina na política é de 9,4 %, inferior à da Argentina (O Estado de S. Paulo – 05/11/2010)