(Último Segundo) Cada vez mais as mulheres procuram empregos ou escolhem carreiras que tenham um horário de trabalho flexível.
Segundo a pesquisadora Cristina Bruschini, da Fundação Carlos Chagas, embora as mulheres se concentrem sobretudo em áreas que guardam relação com tarefas familiares, como educação, saúde, alimentação e serviço social, desde a década de 1970 elas também vêm aumentando sua presença em carreiras ditas masculinas, como arquitetura e advocacia privada. “Isso se deve a questões relativas às horas de trabalho. Em arquitetura e direito privado, elas conseguem ter um horário mais flexível, facilitando sua necessidade de organizar a casa”, explica a pesquisadora.
Levantamento realizado em fevereiro de 2010 pela Catho Online, empresa de classificados online de currículos e empregos, mostrou que a preferência das mulheres é pela área de Recursos Humanos, na qual elas ocupam 72,9% das posições. Em seguida, vem o setor administrativo, com a presença de 52,9% de mulheres. A área de Tecnologia é a que tem a menor participação feminina entre as analisadas pela Catho (16,15%).
“A jornada de trabalho é o fator mais considerado na escolha pela profissão e busca de empregos, principalmente para mulheres que tenham filhos ou estejam planejando ter. ‘Quando o horário não pode ser negociado, fica difícil conciliar com as tarefas domésticas’, acredita a pesquisadora. Esse cenário varia de acordo com a escolaridade, renda familiar e estrutura da família. ‘Se a mulher tem uma boa condição financeira, ela consegue pagar uma babá e um motorista, o que possibilita que ela fique mais tempo fora de casa. Além disso, se a mulher é uma pessoa sozinha e não tem com quem deixar as crianças, fica muito mais difícil poder ter uma carreira com uma jornada maior.'”
“Além de convencer os empregadores, as mulheres também precisam fazer uma ‘revolução’ na cabeça masculina para que eles passem a dividir as tarefas domésticas. ‘Mas isso só vai acontecer quando elas de fato saírem para trabalhar e seus maridos perceberem a importância de ajudar.'”
Para a pesquisadora Cristina Bruschini, a diferença de remuneração entre homens e mulheres é uma questão de discriminação. “Os salários chegam a ser 30% mais baixos. Os empregadores ainda acreditam que as mulheres vão dar trabalho na hora de quererem ter filhos, além de não terem disponibilidade para viagens.”
Ainda de acordo com dados da Catho Online, as mulheres representam 21,88% dos cargos mais elevados, como presidentes e CEOs. Há 13 anos, o espaço ocupado pela população feminina era de apenas 10,39%.
Acesse a matéria completa: Jornada flexível influencia na escolha da carreira feminina (Último Segundo – 21/01/2011)
Leia também: Salário dos homens é 50% superior ao das mulheres