No Reino Unido, as mulheres jovens são as mais afetadas por problemas de saúde mental.
(HuffPost Brasil, 25/10/2016 – acesse no site de origem)
A informação faz parte de estatísticas novas divulgadas pelo NHS Digital (site do NHS, o Serviço Nacional de Saúde britânico).
Um quinto das mulheres (19%) já sofreu problemas comuns de saúde mental, contra um em cada oito homens (12%). E as mulheres tendem mais que os homens a relatar sintomas graves.
Um quarto (26%) das mulheres na faixa dos 16 aos 24 anos admite ter se automutilado. É mais que o dobro do índice de homens jovens que o faz (10%).
A pesquisa sobre a prevalência de problemas de saúde mental na Inglaterra revelou que mulheres jovens também correm risco maior de apresentar depressão, ansiedade, transtorno bipolar e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Paul Farmer, executivo-chefe da organização sem fins lucrativos Mind, que assiste pessoas com problemas de saúde mental, qualificou a descoberta como “chocante” e pediu ao governo britânico que tome iniciativas imediatas para combater a crescente crise de saúde mental no país.
A nova pesquisa apresenta uma visão sombria dos problemas de saúde mental na Inglaterra, onde um em cada cinco adultos revela que a ideia de se suicidar já passou por sua cabeça.
Um em cada três adultos na faixa dos 16 aos 74 anos sofre de condições como ansiedade ou depressão, para as quais estão recebendo tratamento.
Paul Buckley, diretor de informações da Mind, disse ao Huffington Post Reino Unido: “É difícil saber as razões exatas por trás do aumento da incidência de depressão, ansiedade e automutilação entre jovens. É provável que isso se deva a um conjunto grande de fatores.
“Os adolescentes estão chegando à idade economicamente ativa em tempos de incerteza econômica. É grande a probabilidade de sofrerem problemas relacionados ao endividamento, desemprego e pobreza, e eles enfrentam pressões sociais e ambientais crescentes. Tudo isso afeta o bem-estar das pessoas.”
Buckley pensa que a ascensão das redes sociais
“Desde que foram divulgados os últimos resultados anteriores, em 2009, assistimos a um grande aumento no uso das redes sociais”, ele explicou.
“A rede social pode beneficiar a saúde mental e reduzir o senso de isolamento das pessoas, mas também traz alguns riscos.
“Por sua natureza instantânea e anônima, é fácil para as pessoas fazerem comentários impensados e às vezes inconvenientes, que podem afetar negativamente a saúde mental de outras pessoas.
“É importante evitar sites que têm muitas chances de desencadear sentimentose/ou comportamentos negativos. Se você está se sentindo vulnerável, é aconselhável deixar as redes sociais de lado por algum tempo.”
Farmer acrescentou que, fato positivo, o aumento no número de pessoas que relata problemas de saúde mental pode se dever ao fato de mais pessoas estarem divulgando preocupações com sua saúde e ao fato de os médicos estarem reconhecendo sintomas e prescrevendo tratamentos mais prontamente.
“Ainda temos um longo caminho a percorrer até nossa saúde mental ser tratada como sendo tão importante quanto nossa saúde física”, ele disse.
“Estes dados deixam claro para o governo britânico que, em relação à saúde mental da nação, a hora de agir é agora.”
Caso você — ou alguém que você conheça — precise de ajuda, ligue 141, para o CVV – Centro de Valorização da Vida, ou acesse o site. O atendimento é gratuito, sigiloso e não é preciso se identificar. O movimento Conte Comigo oferece informações para lidar com a depressão. No exterior, consulte o site da Associação Internacional para Prevenção do Suicídio para acessar uma base de dados com redes de apoio disponíveis. O HuffPost Brasil possui também uma série de reportagens sobre a prevenção do suicídio e a importância de se falar a respeito.