O cirurgião cardiovascular Doutor Lima explica que cerca de 40% de todos os casos de infarto agudo do miocárdio ocorrem no grupo feminino
(Terra, 13/12/2016 – acesse no site de origem)
Embora as doenças cardiovasculares acometam mais os homens do que as mulheres, nos últimos 10 anos o número de casos e a gravidade das doenças cardiovasculares aumentou drasticamente na população feminina. Há uma década era um caso de doença cardiovascular nas mulheres para cada quatro ou cinco entre os homens. Hoje, essa relação é de quase um para um. “Cerca de 40% de todos os casos de infarto agudo do miocárdio ocorrem no grupo feminino, o que contribui para a mortalidade associada à doença cardiovascular nas mulheres ser maior do que nos homens”, explica o cirurgião cardiovascular doutor Lima.
Os fatores que levaram ao aumento do número e da gravidade da incidência de doenças cardiovasculares nas mulheres são principalmente ambientais e culturais, já que nos últimos anos as mulheres adquiriram um estilo de vida mais urbano, acumulando uma série de fatores de riscos que antes eram mais comuns aos homens.
“Elas estão fumando mais, ficam mais estressadas, e trabalham fora, acumulando uma jornada de trabalho dupla ou tripla, e têm menos tempo para a prática de atividades físicas. Além disso, estão se alimentando mais fora de casa e de forma incorreta, consumindo mais gordura de origem animal, gorduras saturadas e ricas em sódio”, explica doutor Lima.
O cirurgião cardiovascular afirma que as doenças cardiovasculares mais comuns nas mulheres são as mesmas que nos homens, ou seja, são as doenças isquêmicas do coração: o infarto agudo do miocárdio, a morte súbita e angina de peito. Enquanto as doenças cerebrovasculares são o acidente vascular cerebral, o AVC hemorrágico e o AVC isquêmico. “A associação do uso de anticoncepcional oral e tabagismo aumenta em quase três vezes o risco de desenvolvimento de alguma doença cardiovascular quando se compara às mulheres que não usam anticoncepcional oral e fumam, simultaneamente”, destaca doutor Lima.
Outro fator de risco que merece atenção especial é em relação à menopausa. Após a menopausa, o risco de doenças cardiovasculares aumenta na população feminina por conta da perda da proteção do estrogênio, o hormônio que protege o sistema cardiovascular e diminui o risco de doenças cardiovasculares. É justamente após a menopausa que as doenças cardíacas acometem mulheres. Porém, no decorrer dos últimos anos, o que se tem observado, com o aumento do número de doenças cardiovasculares, é que elas têm se tornado mais frequente mesmo nas mulheres mais jovens. Existem muitos casos de mulheres com 35, 40 anos já com alguma apresentação de doença cardiovascular, muitas vezes grave e impondo um risco iminente de morte.
Prevenção
• Incorporar no dia a dia a prática de atividade física pelo menos três vezes por semana durante, pelo menos, 1 hora;
• Controlar o estresse do dia a dia, principalmente cuidando do estresse no ambiente de trabalho e no trânsito.
• Cuidar da alimentação e evitar o consumo excessivo de alimentos ricos em gordura de origem animal e ricos em sódio. Incorporar cereais, gordura ricas em ômega 3, que são alimentos cardioprotetores;
• Fazer o diagnóstico precoce de hipertensão, diabetes, visitando seu cardiologista uma vez por ano a partir dos 40 anos, se você não tiver histórico familiar, ou a partir dos 35 anos, se tiver o histórico.
Sobre Doutor Lima
Doutor José de Lima Oliveira Júnior é médico formado pela USP (Universidade de São Paulo), cirurgião cardiovascular do InCor (Instituto do Coração), e integrante da Comissão de Remoção de Órgãos da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO). Tem sua atuação concentrada em cirurgia cardiovascular, principalmente nos seguintes temas: Tratamento Cirúrgico da Insuficiência Cardíaca, Transplante Cardíaco e Assistência Circulatória. Além disso, é professor na Universidade de São Paulo (USP). É idealizador do projeto Setembro Verde, que tem como principal objetivo alertar e conscientizar a população sobre a importância da doação de órgãos.