Ponto é um dos mais polêmicos da reforma da Previdência
A agenda da reforma da Previdência voltou a ser discuta na semana passada e está causando divergências, principalmente quando o assunto é a igualdade de idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres. Atualmente, as mulheres podem se aposentar por idade aos 60 anos e os homens aos 65 anos. O governo quer adotar 65 anos para todos. Duas estudiosas da questões de gênero, Hildete Pereira de Melo, economista e professora da UFF, e Bila Sorj, socióloga da UFRJ, debateram a questão.
(O Globo, 22/02/2017 – acesse em pdf)
Para Hildete, a desigualdade no mercado de trabalho, que faz as mulheres sofrerem com desemprego maior, a taxa é de 11,7% contra 9,6% dos homens e o salário 24% menor que o dos homens, não permite que se adote a igualdade exatamente na aposentadoria.
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Bila Sorj defende a igualdade, mas acredita que o ideal é que se aumente a idade para aposentadoria feminina aos poucos, conforme as politicas públicas voltadas para aumento do acesso à creche e à escola em tempo integral comecem a atenuar a carga de trabalho doméstico.
A jornada total da mulher, unindo trabalho remunerado e doméstico, é cinco horas maior que a do homem. Elas dedicam cerca de 20 horas por semana à casa enquanto os homens trabalham cerca de 10 horas em casa. As creches atendem a 25% das crianças de 0 a 3 anos e a escola em tempo integral no ensino fundamental chega a apenas 9%.
Enquanto a maioria defende que se mantenha a diferença, pela dupla jornada feminina e pela baixa cobertura de creches e escolas em tempo integral, há quem defenda que a igualdade é bem-vinda, diante da vida sete anos mais longa da mulher e para não reforçar o papel tradicional feminino.
Por Cássia Almeida