Foi numa mesa de um boteco, ali no bairro Bela Vista, que eu bati um papo com Joice Berth. Nós resolvemos ter mais uma companhia pra essa conversa: um bom copo de cerveja, já que os assuntos eram tensos. Relembrar, resgatar e vivenciar alguns momentos da nossa vida — principalmente quando se é mulher e negra — nunca é tão fácil. Não que a gente só beba uma gelada quando precisa tratar alguma ferida, longe disso, mas assuntos como direito à cidade, feminismo, afetividade, racismo, infância e maternidade foram colocados na mesa.
(Catraca Livre, 25/03/2017 – acesse a íntegra no site de origem)
O bairro do Mandaqui, zona norte de São Paulo, era o fluxo de uma criança que hoje nada tem a ver com a arquiteta e urbanista que bota a boca no trombone, ou melhor, no feed de notícias das redes sociais; pesquisa o direito à cidade com questões ligadas a gênero e raça, além de ser assessora do vereador Eduardo Suplicy. “Fui uma criança muito quieta quando saía do ambiente doméstico. Eu sentia o racismo, e aquilo me bloqueava quando saía de casa, mas eu não sabia que era isso”, contou.
Por Patrícia Gonçalves