Com 9,9%, Brasil de 2017 está longe da média mundial de 1990, de 12,7%. Hoje a média internacional está em 23%.
O Brasil deve atingir igualdade de gênero no Parlamento Federal só em 2080. Isso se deve ao ritmo de crescimento desse indicador nos últimos anos em 87%, número 6% menor do que a média mundial da participação feminina no Legislativo.
(Huffpost Brasil, 30/03/2017 – acesse no site de origem)
Os dados são da pesquisa Ranking de Presença Feminina no Parlamento 2017, do projeto Mulheres Inspiradoras, a partir de dados do Banco Mundial e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
De 1990 para 2017, o percentual de mulheres na Câmara dos Deputados e no Senado passou de 5,3% para 9,9% no País, patamar desde 2014. Entre 2010 e 2014, o patamar ficou em 8,6%.
O Brasil também não chegou à média mundial de 1990, de 12,7%. Hoje a média está em 23%.
O estudo analisa dados de 138 países. Nesse ranking, o Brasil ficou em 115º lugar. Ruanda está em primeiro, com 63,8% de mulheres no Parlamento, seguido por Bolívia (53,1%) e Cuba (48,9%).
Os dez primeiros países detêm algum tipo de cláusula de gênero em sua constituição ou cota para mulheres na política.
No Brasil, pelo menos 30% das candidaturas a cargos eletivos têm de ser de um dos gêneros. Já a PEC 98/2015, aprovada no Senado, estabelece reserva de cadeiras femininas no Parlamento: 10% das cadeiras na primeira legislatura, 12% na segunda e 16% na terceira.
Candidatas
O pleito ao Senado em 2014 contou com 350 candidatas do total de 1850 candidatos, portanto, 19% do total. Dos 22 senadores eleitos naquele ano, apenas 5 (8%) eram mulheres.
Do total de votos válidos, 91,86% foram para candidatos do sexo masculino e 8,14% para candidatas. Isso significa que 85% das candidatas não foram eleitas.
Na disputa pela Câmara dos Deputados em 2014, 32% dos candidatos eram mulheres. Dos 513 eleitos, 51 (10%) eram mulheres. 90% dos votos válidos foram para eles e 10% para elas.
Em média 98% das mulheres que se candidataram a esse cargo não se elegeram, sendo que 5% dessas candidatas tiveram zero votos.
No Legislativo estadual, 31% dos que disputavam cargos eram mulheres. Dos 1.035 eleitos, 114 (11%) eram deputadas, que receberam 12% dos votos válidos, contra 88% para homens. O percentual de não eleitas foi de 91%.
Já o percentual de candidatas a vereadoras em 2016 foi de 33%. Entre os 57.842 eleitos, 7.824 eram mulheres (14%). Elas receberam 16,00% dos votos válidos. Os outros 84% foram para homens.
O número de não eleitas foi de 95%. Mais de 46 mil mulheres que se candidataram a tiveram 10 votos nominais ou menos, sendo que 40% delas tiveram zero votos.
O estudo aponta como motivos para esse cenário a baixa quantidade de candidatas, a carência de recursos e atividades partidárias menos voltada para formação de novas lideranças.
“Cremos que para aumento do percentual de mulheres na política será necessário um conjunto de medidas não só por parte do poder público, mas também que seja um desejo da sociedade civil, que mais mulheres queiram disputar eleições e sejam devidamente incentivadas e apoiadas para tal, por amigos, familiares, partidos políticos, mídia, também fiscalizando para que não sofram preconceito”, diz a pesquisa.
Marcella Fernandes