Artistas da nova geração e nomes consagrados, como as cantoras Elza Soares e Zezé Motta, participam este ano
(O Tempo, 30/06/2017 – acesse no site de origem)
“A Mulher do Fim do Mundo” vai abrir a programação do 3º Inverno das Artes, neste domingo (2), às 19h, no Grande Teatro do Palácio das Artes. Nada mais apropriado, já que, de acordo com a própria Elza Soares, o seu mais recente trabalho tem tudo a ver com a temática deste ano, voltada para a música negra. “Minha missão é questionar as dores do mundo, colocar a arte a serviço da luta por um mundo melhor. A música negra é muito rica. O show desse meu último disco fala de temas que acho relevante questionar, como o preconceito racial, a homofobia, a transfobia e o feminicídio”, sustenta a cantora.
Com aniversário recém-celebrado no último dia 23 de junho, a idade de Elza permanece um mistério. Há quem afirme que ela está com 80 anos, enquanto o jornalista Mauro Ferreira garante que a cantora nasceu em 1930. Certo é que Elza não para. Após encerrar uma turnê na Europa nessa quinta-feira (29), na Dinamarca, nesta sexta-feira (30) ela lança a versão remixada de “A Mulher do Fim do Mundo”, já planeja disco novo para 2018 e vai ganhar uma biografia escrita por Zeca Camargo. Para completar, aguarda o lançamento de outro filme sobre sua vida, além de um musical e da divulgação do single “Na Pele”, gravado em parceria com Pitty. “Sou inquieta e quero cantar até o fim. O melhor dia é hoje, agora. Temos uma geração fantástica, amo de paixão Emicida, Criolo, Jhonny Hooker e Karol Conka. Vocês precisam ouvir Larissa Luz e Karla da Silva, duas meninas ultratalentosas”, elogia.
Para Elza, a crise atual atravessada pelo país, e que atinge a maioria dos setores, não é motivo para desistência, muito pelo contrário. “Estamos vivendo tempos difíceis, mas não podemos esmorecer e nem perder a fé, como diz a música ‘levanta, sacode a poeira, dá a volta por cima’”, cita, recorrendo à letra do samba escrito por Paulo Vanzolini em 1962.
Evento. Além de Elza, nomes consagrados e artistas da nova geração sobem ao palco para exaltar diversas manifestações culturais ligadas à arte negra, como Alaíde Costa, Zezé Motta, Fabiana Cozza, Zaika dos Santos, Criolo e Sérgio Pererê, o grupo Não Recomendados, o dançarino Rui Moreira e o coletivo Família de Rua, que apresenta dentro do espaço do Palácio das Artes um duelo de MCs. Também haverá uma mostra com filmes de Spike Lee e Raoul Peck, haitiano indicado ao Oscar de melhor documentário em 2016 por “Eu Não Sou Seu Negro”.
Diretor de programação artística da Fundação Clóvis Salgado, que promove o festival, Philipe Ratton garante a manutenção do evento nos próximos anos. “O Inverno das Artes vem para suprir a lacuna de uma programação robusta e extensa nessa época do ano, reconhecendo temas que são necessários de serem tratados, como é, nesta edição, o da arte negra. Já temos um termo de compromisso assinado garantindo o repasse de verbas até 2019. A programação diversificada vem também para mostrar, através desses vários métodos de abordagem, que a cultura está intimamente ligada à educação, o que as pessoas nem sempre percebem” atesta Ratton.
PROGRAME-SE
2/7 Elza Soares, às 19h, Grande Teatro do Palácio das Artes. R$ 100 (inteira)
3/7 Alaíde Costa, às 20h30, sala Juvenal Dias. R$ 40 (inteira)
7/7 Sérgio Pererê, às 20h30, sala Juvenal Dias. R$ 40 (inteira)
10/7 Fabiana Cozza, às 20h30, sala Juvenal Dias. R$40 (inteira)