(O Estado de S. Paulo) Uma pesquisa feita com exclusividade para o caderno Feminino, do Estadão, pela Sophia Mind, empresa do grupo de comunicação Bolsa de Mulher, indica que as mulheres têm investido mais; porém, ainda mostram dificuldades para buscar informações sobre finanças.
Por isso, serviços, publicações, sites e cursos estão se voltando para esse nicho crescente de mulheres empenhadas em tomar as rédeas de seu rendimento para multiplicar ganhos. Conforme observa Gloria Pereira, autora do best-seller A Energia do Dinheiro, embora a cultura brasileira associe dinheiro à função masculina, o avanço é evidente. “Há quatro anos, cerca de 2% dos investidores na Bolsa de Valores eram mulheres. Hoje, elas estão por volta de 23%”, afirma Gloria, diretora da Sinergia Consultores.
De acordo com a pesquisa, 75% das entrevistadas sentem dificuldade em entender as diversas opções de investimento por dois motivos: acham os informativos dos bancos complicados e reclamam da falta de tempo para buscar orientação. Das 1.157 entrevistadas, 76% têm a poupança como a principal modalidade de investimento.
Má administração. Falta de dinamismo financeiro, de planejamento e disciplina resultam em rendimentos medíocres. E impedem o efeito multiplicador dos juros compostos, que são os juros ganhos sobre juros. O resultado dessa displicência feminina financeira, segundo o economista Francisco Carlos Barbosa dos Santos, professor de finanças da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), é perder boas oportunidades de investimentos.
“Com uma administração certa, dá para fazer sobrar dinheiro no fim do mês, ganhar com aplicações mais rentáveis, realizar projetos pessoais e garantir um futuro melhor para ela e os filhos”, garante Santos. Ele ministra um curso de finanças pessoais na Fipe. A primeira turma reuniu 20 alunos – a maior parte formada por mulheres na faixa dos 25 aos 45 anos, profissionais liberais bem-sucedidas.
Quando se começa a entender como o vaivém dos juros afeta os rendimentos, cresce também o interesse pelos acontecimentos macroeconômicos. Afinal, a crise global que hoje solapa economias prósperas, como a norte-americana e a europeia, pode sim ter impacto no bolso dos brasileiros, principalmente de quem está desinformado. E endividado. Pagar juros em vez de ganhar com eles em tempos incertos como estes é quase como dar um tiro no próprio pé.
Leia na íntegra: Elas e o dinheiro (O Estado de S. Paulo – 21/08/2011)