Dados do Tribunal Superior Eleitoral mostram que as mulheres são 30,7% das quase 28 mil candidaturas registradas para as eleições deste ano. Uma redução de quase um ponto percentual em relação a 2014.
(Radioagência Nacional, 17/09/2018 – acesse no site de origem)
O Centro-Oeste é a região com maior percentual de mulheres candidatas, seguida do Sudeste, Sul e Nordeste. Já o Norte é o estado com o menor número de candidaturas femininas: 29% do total.
Na Amazônia Legal, o Tocantins tem o menor número de mulheres candidatas: apenas 17 registros. Setenta vezes menos do que o número de candidaturas femininas em São Paulo.
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Maria Aparecida Matos, da Rede Alagara, uma articulação de mulheres negras e quilombolas do Tocantins, destaca as dificuldades enfrentadas para que as mulheres efetivem suas candidaturas no estado.
Sonora: “O Tocantins é um estado machista e coronelista. Há muitas violências contra as mulheres assim de modo geral. Realmente a maior dificuldade é a aceitação delas no partido. Elas só servem pra ser cabo eleitoral, para estar apoiando, mas elas não têm nenhum apoio pra estar a frente das candidaturas.”
Maria das Dores Almeida, do Imena, Instituto de Mulheres Negras do Amapá, também ressalta a falta de interesse da maioria dos partidos nas pautas políticas defendidas pelas mulheres candidatas.
Sonora: “É uma pauta que ela não é acolhida pelos partidos de modo geral. E quando é acolhida é em parte. Como a questão da defesa da Amazônia em pé, pelo bem viver, pelas populações tradicionais, a questão do enfrentamento ao patriarcado, ao machismo, contra o feminicídio.”
Apesar das estatísticas, Guacira Oliveira, do Centro Feminista de Estudos e Assessoria, considera que tendem a aumentar as candidaturas de mulheres comprometidas com o combate ao machismo e ao racismo. A indignação contra o assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio, mobilizou várias lideranças.
Sonora: “A Marielle Franco é uma inspiração, é uma indignação, é uma sede de Justiça, é um compromisso com a luta que muitas mulheres assumiram em todo o Brasil, e não só no Brasil, muitas mulheres assumiram na América Latina, e hoje isso faz a diferença.”
Pesquisa recém-divulgada pelo PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, mostra que o Brasil possui apenas 11,3% de mulheres com assento no Parlamento enquanto Níger, país com o menor Índice de Desenvolvimento Humano do Mundo, o Níger, tem 17%.
Juliana Cézar Nunes