Casos de 2017 saltariam de 1.133 para 2.346, segundo nova metodologia proposta por pesquisador da Fiocruz
(O Globo, 12/03/2019 – acesse no site de origem)
Horas depois de ir à polícia registrar queixa contra o namorado, Lidiane Oliveira, de 24 anos, foi morta por ele a facadas , dentro de casa, em Ponta Grossa, no Paraná. Antes de fugir, o acusado, Jhonatan Campos, 22 anos, feriu a mãe da vítima, de 60, que tentava ajudá-la, na madrugada de domingo.
Lidiane foi encontrada nua, com uma perfuração na região do pescoço. No mesmo fim de semana, ao menos outras duas mulheres foram assassinadas no Brasil.
A esteticista Lucilene Galdino de Albuquerque, de 50 anos, foi morta a facadas , em Itapipoca, no Ceará. O marido dela, Antônio Maria Rodrigues Ferreira Pessoa, 42, foi preso em flagrante por feminicídio e tentativa de homicídio, acusado de esfaquear também o filho da vítima e um primo dela.
Em Caarapó, no Mato Grosso do Sul, Carla Sampaio Tanan, de 36 anos, foi atropelada pelo namorado , depois de discutirem numa festa infantil. O acusado, Thiago Belastorre, de 29 anos, foi preso e não esboçou arrependimento, segundo o delegado responsável pelas investigações.
As três mortes engrossam as estatísticas brasileiras de feminicídio — o assassinato de uma mulher pela condição de gênero —, que já figuram entre as mais altas do mundo. Ainda assim, os dados oficiais são subestimados, aponta pesquisa da Fiocruz.
Segundo os números mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, das 4.539 mulheres assassinadas em 2017, 1.133 foram registradas como vítimas de feminicídio. No entanto, uma nova metodologia propõe que o número de feminicídios naquele ano suba para 2.346, ou seja, cerca de metade dos homicídios de mulheres seriam casos de violência de gênero.