Uma robô virtual promete ser uma nova alternativa de ajuda para mulheres vítimas de violência no Brasil. Chamada de Isa.Bot, a ferramenta foi lançada nesta segunda (25) pelas ONGs Think Olga e Mapa do Acolhimento, com apoio de Facebook, Google e da ONU Mulheres.
(UOL, 26/11/2019 – acesse no site de origem)
O lançamento se encaixa no contexto desta edição da campanha anual 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, iniciativa da ONU Mulheres para prevenir a violência de gênero, que vai até 10 de dezembro.
Isa é um bot (diminutivo de “robot”), um robô virtual que simula conversas em aplicativos de mensagens e em chats de sites, esclarecendo dúvidas sobre produtos e serviços, em boa parte dos casos.
Opera no Facebook na página Isa.Bot e, em breve, vai poder ser acionada também por meio do Google Assistente, disponível em smartphones.
O foco de Isa está mais nos casos de violência online, mas também há dicas de como lidar com a violência offline. Com textos e vídeos, a robô traz informações e recursos voltados para diferentes públicos e situações. Quando a mulher escolher seguir pelo caminho de “Ajuda Agora”, a bot oferece ferramentas para mulheres que estejam sofrendo ou tenham sofrido diferentes tipos de violência, como assédio, divulgação de fotos sem consentimento e até se teve a conta invadida —nesse caso a vítima recebe instruções de como bloquear diversas contas em redes sociais.
Como usar
Ao mandar mensagem para Isa, a mulher recebe opções temáticas que a direcionam para diversas questões. Por exemplo, escolhendo “Sextorsão”, a usuária recebe uma mensagem de conforto, deixando claro que a agressão não é culpa da vítima e explica: “A sextorsão é a ameaça de se divulgar imagens íntimas para forçar alguém a fazer algo —ou por vingança, ou humilhação, ou para extorsão financeira. É uma forma de violência grave e 69% das atingidas são meninas e mulheres, segundo o Canal de Ajuda da SaferNet Brasil”.
A mulher então recebe um vídeo e um link para um infográfico com o passo a passo de como denunciar esse tipo de crime e como gravar todas as mensagens para reunir provas antes de ir a uma delegacia. Para quem não entende muito de tecnologia, a bot ensina também como fazer uma captura de tela.
Os canais de ajuda são sobre ameaças e agressões, invasão de conta, racismo, sextorsão, pornovingança, como bloquear um contato e dicas de segurança. A robô também oferece contatos úteis para mulheres que buscam apoio em situações de violência, como linhas de denúncia (180), link para o Centro de Referência Especializado de Assistência Social mais próximo, direcionamento para o Mapa do Acolhimento (que oferece ajuda psicológica e jurídica, além de um mapa com Delegacias da Mulher pelo Brasil) entre outras redes de proteção.
Thaís Lisboa e Victor Kowalewski da Cosmobots, responsáveis pelo desenvolvimento da Isa.Bot, contam como a criação dos “bots sociais” é importante na luta contra a violência. “Para mim e para a Thaís, fazer esse tipo de bot social é algo mais ‘simples’ porque fazemos parte de minorias. Eu sou gay, faço parte da minoria LGBT”, diz Victor. “Eu sou negra e mulher. Só pelo fato de ser mulher, estou muito mais próxima das situações que a gente está colocando no bot”, explica Thaís.
Eles reforçam a importância de trazer conforto às vítimas, além de informações, com frases como “você não está sozinha, “não é culpa sua”, “você precisa buscar ajuda”. “Quando a gente cria um bot, é preciso encarnar a persona com a qual se está trabalhando. E a persona da Isa é muito militante, mas também é uma persona que causa muita dor porque trata de conteúdos sensíveis”, diz Victor. Já Thaís espera que a Isa.Bot abra portas para que mais ONGs criem tecnologias para ajudar quem está em situação de risco.
Por Laura Reif