(Natuza Nery, Andréia Sadi e Catia Seabra, da Folha de S.Paulo de Brasília) Nome de Paulo Paim (RS) surgiu em conversa que tratou da reformulação na Esplanada dos Ministérios
O ex-presidente Lula sugeriu a Dilma Rousseff que nomeie o senador petista Paulo Paim (RS) para o Ministério da Igualdade Racial.
A indicação de Paim, que é negro, foi feita na semana passada, quando Lula e Dilma discutiram em São Paulo os detalhes da reforma no primeiro escalão.
A opção é vista com ressalvas, já que o senador foi motivo de dor de cabeça para o Planalto ao defender no passado reajustes maiores para o salário mínimo e para o benefício dos aposentados.
Para Lula, essa é justamente uma das razões para levá-lo à Esplanada: eliminar do Senado um foco de pressão por aumento dos gastos.
Além disso, ele avalia que Paim daria mais visibilidade à secretaria. Dilma, porém, ainda não encerrou as buscas para o lugar da ministra Luiza Bairros, cuja gestão considera “apagada”.
Sobre a mesa da presidente há até agora sete ministérios com potenciais mudanças à vista: Educação, Ciência e Tecnologia, Trabalho, Cidades, Cultura, Mulheres e Igualdade Racial.
A mudança, desidratada após a queda de sete ministros ao longo de 2011, atinge PP, PDT e PT.
A largada da reforma será dada na semana que vem, com a saída de Fernando Haddad para disputar a eleições em São Paulo e a transferência de Aloizio Mercadante para a Educação.
Seu lugar no Ministério da Ciência e Tecnologia tende a ser ocupado por alguém com perfil mais técnico. O nome mais forte é o de Marcos Raupp, presidente da Agência Espacial Brasileira e indicado por Mercadante. Com menos chance, corre o deputado federal Newton Lima (PT-SP).
Palco de escândalos no ano passado, o Ministério das Cidades é um dos maiores orçamentos da reforma.
A presidente tenta convencer o PP a aceitar Márcio Fortes no cargo, ex-ministro da pasta e aliado de confiança.
O partido, porém, resiste, razão pela qual voltou a falar na manutenção de Mário Negromonte na cadeira ou na indicação do deputado Agnaldo Ribeiro (PB).
No Trabalho, a dificuldade é semelhante. Na lista de cotados pela presidente estão os deputados pedetistas André Figueiredo (CE); Brizola Neto (RJ) e Vieira da Cunha (RS). O ex-ministro Carlos Lupi, presidente da legenda, veta Brizola.
Mesmo com uma reforma pequena e pontual, o Planalto deve anunciar as alterações a conta-gotas. Dilma pode definir, nas próximas semanas, a sucessora da petista Iriny Lopes na secretaria de Mulheres. Iriny disputará as eleições em Vitória. A deputada estadual Inês Pandeló (PT-RJ) pode assumir.
O temor de Dilma é que a reforma reduza o peso da cota feminina na Esplanada, por isso tende a definir, com mais calma, a substituição de Ana de Hollanda na Cultura, o que pode acontecer só em março. Hoje, são dez mulheres no primeiro escalão.
Antes de a “faxina” varrer sete auxiliares de Dilma Rousseff, a presidente cogitava fazer uma reforma mais ampla, o que incluía redução do número de ministérios.
Acesse em pdf: Lula indica a Dilma senador do PT para a Igualdade Racial (Folha de S.Paulo – 18/01/2012)