Levantamento feito pela Artemisia mostra que maioria dos negócios de periferias é liderado por mulheres pretas e pardas; dentro das comunidades, elas têm papel de transformação
(Estadão | 22/07/2021 | Por Marcos Leandro)
Para entender o perfil dos empreendedores que buscam ajuda em programas de aceleração, a Artemisia, organização que fomenta negócios de impacto social, mapeou 373 negócios periféricos das regiões Sul e Sudeste. Os dados coletados mostram que 62,1% dessas empresas são lideradas por mulheres e, entre essas empreendedoras, a maioria é preta e parda: 59,4% e 20,3%, respectivamente.. Esse resultado reafirma o papel fundamental que essas mulheres têm dentro de suas comunidades.
“A mulher preta na periferia tem uma posição de impacto muito relevante, porque é ela quem traz alimento para casa e cuida dos filhos, muitas das vezes fazendo papel de pai e mãe, é ela quem luta por direito à creche, educação e saúde, é ela quem cuida da saúde da família. A mulher tem uma característica de maternidade, de cuidado e que está conectada com a sua ancestralidade”, conta Marcelo Rocha, conhecido como DJ Bola e um dos idealizadores da Aceleradora de Negócios de Impacto da Periferia (Anip), que faz parceria com a Artemisia.
No mercado de trabalho formal, segundo pesquisa feita recentemente pela consultoria Indique Uma Preta e pela empresa Box 1824, quando se fala em cargos de liderança, apenas 8% das mulheres negras chegam a ocupar cargos de gerente, diretora ou sócia de empresas. Além disso, um levantamento feito pelo Insper mostra que homens brancos têm salários duas vezes maiores do que mulheres negras, mesmo exercendo a mesma função.