Partidos não indicaram nenhuma mulher para as 36 vagas de titular e suplente da comissão da Covid
( Folha de São Paulo | 25/07/2021 | Por Raquel Lopes e Renato Machado)
A ausência oficial de mulheres na CPI da Covid reflete uma resistência histórica à abertura de espaço a elas nas comissões parlamentares de inquérito, mostra levantamento feito pela Folha.
Mulheres participaram como titular em apenas 32% das CPIs instaladas no Senado desde 1946, após o fim do Estado Novo de Getúlio Vargas, período em que essas comissões passaram a funcionar de forma efetiva.
Foram 68 CPIs instaladas desde então, com a participação de senadoras em apenas 22 delas.
Desde que a primeira mulher assumiu uma vaga no Senado —Eunice Michiles, em 1979—, 54 CPIs foram instaladas. A pioneira em uma cadeira na Casa também foi a primeira a atuar em uma comissão parlamentar de inquérito, além de outras quatro.
Ao tomar posse no Senado, a ex-professora do ensino básico foi recebida com flores pelos outros parlamentares. No entanto, os colegas não garantiram votos para a aprovação de suas propostas que visavam garantir mais direitos às mulheres durante seu mandato.
Os anos passaram e aumentou o número de mulheres indicadas pelas suas bancadas para compor CPIs. Mas mesmo essas indicações reproduzem estereótipos e preconceitos da vida política nacional.
“Geralmente, onde as mulheres ocupam posições de mais destaque são nas CPIs de temas mais sociais, como violência contra a mulher, tráfico de pessoas. Isso reflete a estrutura da nossa sociedade, que liga as mulheres às tarefas dos cuidados, enquanto os homens se ocupam das tarefas ligadas ao poder. Quando se foge desse estereótipo, as mulheres sofrem”, afirma a ex-senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM).