Auditora do trabalho Luciana Veloso Baruki é a convidada do segundo episódio da série “Violência e assédio contra mulheres no trabalho”
(Agência Patrícia Galvão | 05/08/2021)
Pesquisa realizada no final de 2020 pelos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Laudes Foundation, revela que 76% das brasileiras já passaram por situações de violência, constrangimento e assédio no trabalho. O levantamento nacional também aponta que 32% das trabalhadoras não consideraram o caso grave o suficiente para ser levado adiante e que a maior parte das vítimas tratou o problema no âmbito individual — evitou voltar a ter contato com o assediador, pediu demissão, contou só para amigos ou familiares, ou então confrontou quem fez isso.
Para comentar os dados da pesquisa, o Patrícia Galvão Podcast recebe a auditora do trabalho Luciana Veloso Baruki, especialista em discriminação, assédio e riscos psicossociais. No episódio, Baruki analisa as consequências da violência e do assédio para as trabalhadoras, assim como as barreiras e os preconceitos que elas enfrentam para romper o silêncio e buscar a responsabilização do agressor e também da empresa. Na avaliação da auditora, o trauma da violência sofrida, as ameaças feitas pelo assediador, o medo de sofrer retaliações e o receio de perder o emprego são algumas das razões que podem levar a vítima a protelar a denúncia.
“O assédio de qualquer tipo acaba gerando para a vítima culpabilização, sentimentos de humilhação e vergonha. Então, muitas vezes, é difícil que ela consiga fazer algo a respeito, porque, quando finalmente ela se recupera desse trauma, às vezes já passou muito tempo, ou ela já não está mais naquele emprego. O assédio muitas vezes desestabiliza a pessoa emocionalmente de uma tal forma que ela pede demissão, ou ela é demitida, e aí ela tem outros problemas para lidar por conta da demissão”, destaca a auditora.
O novo episódio do Patrícia Galvão Podcast também aborda os avanços trazidos pela Convenção 190, da Organização Internacional do Trabalho, que descreve a violência e o assédio como práticas inaceitáveis e capazes de gerar sofrimento físico, psicológico, sexual e econômico. Além disso, o documento estabelece que, para ser configurado como violência e assédio, o ato não precisa ser reiterado — um avanço, na avaliação de Baruki, pois o estresse pós-traumático, por exemplo, é uma patologia que acontece devido a um fato pontual. Então “a OIT, quando aprova a Convenção 190, ela segue um caminho que quer dizer: ‘olha, a saúde mental precisa ser protegida’”, ressalta a auditora, complementando que é necessário que as empresas criem espaços seguros para que as mulheres possam denunciar essas violências.
Série Violência e assédio contra mulheres no trabalho
O episódio Como se sentem e reagem as mulheres que já viveram situações de violência, constrangimento e assédio no trabalho, do Patrícia Galvão Podcast, está disponível nas principais plataformas digitais de áudio. Confira também o primeiro episódio da série, que contou com a participação da procuradora do trabalho Adriane Reis de Araújo, atual titular da Coordenadoria Nacional de Promoção da Igualdade e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordigualdade), do Ministério Público do Trabalho. Para mais informações, acesse aqui.
Saiba mais sobre a pesquisa
A pesquisa Percepções sobre a violência e o assédio contra mulheres no trabalho foi realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e Instituto Locomotiva, com apoio da Laudes Foundation, em outubro de 2020. O levantamento online contou com a participação de 1.500 pessoas, entre homens e mulheres maiores de 18 anos de todo o Brasil. Para mais informações, acesse aqui.