Decisão da Argentina de contar cuidado materno para aposentadoria reforça ideia de que trabalho precisa de proteção social
(Folha de São Paulo | 28/08/2021 | Por Fernanda Mena)
Invisível tanto quanto essencial, o cuidado com filhos, com parentes e com a casa ganhou uma nova dimensão durante a pandemia da Covid-19, o que acelerou os debates na Argentina que culminaram com o reconhecimento dos cuidados maternos como trabalho contabilizado para a aposentadoria.
No Brasil, onde agora um projeto de lei defende medida semelhante à do país vizinho, a emergência do cuidado durante a pandemia motivou o desligamento de mulheres do mercado de trabalho.
Segundo estudo do Banco Mundial, 56% das mulheres da América Latina e do Caribe ficaram desempregadas, temporária ou permanentemente, a partir da crise sanitária –um índice 44% superior ao dos homens da região.
Ainda que parte delas tenha perdido emprego por atuar nos setores mais atingidos pela crise, como comércio e serviços domésticos, o fator mais relevante para a desproporção do desemprego de mulheres em relação a homens foi a atividade de cuidado, de acordo com o estudo.
“Jamais pensei em sair do meu emprego e ficar em casa cuidando das crianças”, admite a matemática Joana Villas Boas Mello, 41, que trabalhou no setor bancário por 13 anos e abandonou o emprego durante a pandemia.
Deputada quer contabilizar cuidado materno para aposentadoria no Brasil