Mulher, mãe e cientista: o que ainda falta para as pesquisadoras chegarem ao topo?

19 de fevereiro, 2024 Jornal da USP Por Camilly Rosaboni

Para lembrar o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, pesquisadoras comentam os avanços e dificuldades da produção científica feminina na carreira acadêmica

Implementado no dia 11 de fevereiro pela ONU, o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência relembra aquelas que fizeram história no caminho do conhecimento, mesmo diante de cenários marcadamente machistas. Ada Lovelace, a primeira programadora de computadores; Marie Curie, autora da descoberta dos elementos rádio e polônio; Enedina Alves Marques, a primeira engenheira negra do Brasil e uma das responsáveis pelo Plano Hidrelétrico do Paraná são alguns nomes de destaque.

Em comemoração, pesquisadoras da USP refletem sobre os avanços e dificuldades de se produzir ciência sendo mulher, mãe, dona de casa, esposa, e tantos outros papéis tidos como femininos na sociedade. “A data serve para trazer a lembrança e chamar a atenção da população. Se conseguirmos alcançar uma ou duas meninas, já fizemos nosso trabalho”, afirma Susana Inés Torresi, pró-reitora adjunta de Pesquisa da USP.

Para Michelle Barão, pós-doutoranda em Farmácia na USP, a data possibilita refletir sobre as diferentes oportunidades dadas para homens e mulheres em diferentes áreas. “Apesar da ciência ser um campo em que sua produção transparece isenção dos sujeitos que a fazem e certo distanciamento para não interferir nos resultados, conclusões e achados, ainda encontramos falta de oportunidades para as mulheres, cerceamento daquelas que engravidam e têm filhos, e condutas machistas que menosprezam a inteligência e potencialidades de cientistas, pesquisadoras, professoras e estudantes. Vemos menos mulheres nos cargos mais altos da produção científica. Precisamos incentivá-las na construção da ciência, com debates e políticas que minimizem cada vez mais essas questões”, afirma a pesquisadora.

Equilibrar demandas familiares
Durante sua formação em Ciências Químicas, Susana se deparou com a redução do número de mulheres de acordo com o avanço na carreira acadêmica. “Ao discutir gênero na ciência, você não pode deixar de considerar questões como a maternidade”, afirma Susana. “Quando se indica o nome de alguma mulher, é bastante comum perguntar se ela vai poder, porque tem filhos. Isso não acontece com homens, já que se subentende que outro alguém vai estar cuidando”, complementa.

Além do conhecido telhado de vidro – situações “invisíveis” que impedem o crescimento da mulher na carreira -, outro conceito explica o apagão de mulheres no topo da carreira: o labirinto de cristal. Proposto pela analista em Ciência e Tecnologia do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) Betina Stefanello Lima, o labirinto de cristal indica obstáculos que ocorrem ao longo de toda a trajetória acadêmica e profissional exclusivamente da mulher.

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