07/11/2010 – ‘Eleitor já sabe que voto muda sua vida’ (Estadão)

07 de novembro, 2010

(O Estado de S. Paulo) Em entrevista ao Estadão, Márcia Cavallari, diretora executiva do Ibope declara que os brasileiros aprenderam a usar o voto para transformar sua realidade.

Leia alguns trechos da entrevista:

A eleição teve duas variáveis claras na decisão do voto, uma regional e outra socioeconômica. O que pesa mais, o lugar onde a pessoa mora ou o estrato social em que está inserida?
Márcia Cavallari
– É mais uma questão de pobreza e riqueza que de geografia. Se fizermos o mapa do voto no município de São Paulo vamos ver as bordas da periferia votando em Dilma Rousseff e áreas mais ricas votando em José Serra.
Sempre se criticou no Brasil o fato de se votar na pessoa, no líder carismático, no populista. Essa foi uma eleição sem líderes e sem carisma. É um avanço? O eleitor está aprendendo o que é democracia com o exercício do voto. Ele foi votando, errando, acertando, e com isso começou a ver que o voto faz diferença na vida dele. As pessoas veem o voto como ferramenta real para melhorar a vida. Isso faz com que haja cada vez mais pragmatismo na hora de escolher um candidato ou outro. O que estava por trás dessa eleição era a continuidade de um projeto de governo.”

“A internet poderá vir a ser o grande canal para avaliar a opinião do eleitorado?
Márcia Cavallari
– No futuro poderemos fazer pesquisas pela internet. Hoje, a única metodologia que assegura a representatividade de todos os eleitores é a da pesquisa face a face. Nessa eleição, os pesquisadores já poderiam ter inserido os dados em smartphones (celulares de última geração), mas tivemos de usar o papel por conta da legislação eleitoral, pois os partidos querem ver os questionários. Neste ano, o PSDB do Paraná e o PSDB nacional pediram à Justiça Eleitoral para ver nossos questionários. Cobrimos os nomes de milhares de entrevistados, para preservar sua identidade. Mas ninguém do partido apareceu.”

“Como se explica a diferença de intenção de voto entre homens e mulheres durante a campanha?
Márcia Cavallari – Temos visto que as mulheres são muito mais críticas, principalmente em eleições municipais. Talvez porque vivenciem mais os serviços dos municípios, por levar o filho na creche, na escola, no posto de saúde. Na eleição presidencial, as discussões são mais distantes dessa mulher que cuida do dia a dia da casa. Também há uma resistência maior ao PT, ainda associado a confrontos, a movimentos sociais. O próprio Lula, nas eleições de 2002 e 2006, já tinha intenção de voto menor entre as mulheres do que entre os homens. E há o fato de que o fenômeno do voto religioso também é mais forte entre as mulheres.

“Dilma foi eleita com uma imagem própria ou ela ainda será construída?
Márcia Cavallari
Ela não tem uma imagem consolidada. O presidente Lula fez com que ela conseguisse se eleger, mas a construção de sua imagem vai começar quando assumir o governo. Só então as pessoas vão conseguir identificar seus atributos e maneiras de trabalhar. Mas, como o próprio exemplo do Lula demonstra, é mais fácil construir uma imagem a partir de uma tela em branco do que mudar uma imagem já estabelecida.

estadosp071110_comovotaramporsexoGênero – “Dilma venceu entre mulheres e homens, mas com margem maior entre eles do que entre elas. No segmento masculino, a petista teve cerca de 8,6 milhões de votos a mais que o adversário, segundo projeção feita a partir de dados do Ibope. Já as eleitoras deram 3,4 milhões de votos de vantagem à primeira mulher eleita para governar o Brasil.”

Religião – “Em um segundo turno marcado por discussões de fundo religioso, eleitores de diferentes orientações mostraram comportamentos distintos nas urnas. Os católicos preferiram Dilma por um placar de 58% a 42%. Já entre os evangélicos a pesquisa apontou um resultado de 52% para a petista e 48% para o tucano – como os números estão no limite da margem de erro, não é possível saber quem ganhou, apenas que o vencedor teve margem bastante apertada.”

Cor – “A segmentação do eleitorado por cor indica um placar muito próximo entre os eleitores que se denominam brancos: 52% para Dilma e 48% para Serra. Entre negros, a petista venceu por 30 pontos de vantagem (65% a 35%), e entre pardos, por 20 (60% a 40%). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.”

Leia mais:
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