Mulheres da imprensa contam como é estar em um cenário de ameaças e ofensas sem precedentes, estimuladas pelo próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, e outras figuras públicas que o apoiam
(Manuela Azenha/Marie Claire) Uma semana depois do ataque à jornalista Vera Magalhães, no último debate presidencial, foi a vez da advogada e apresentadora Gabriela Prioli ser alvo do presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores. E nesta terça-feira (6), a vítima foi a jornalista Amanda Klein, comentarista da Jovem Pan.
Ao ser questionado por Amanda sobre a origem do dinheiro com que membros da família Bolsonaro compraram mansões, o presidente respondeu: “Amanda, você é casada com uma pessoa que vota em mim. Não sei como é seu convívio com ele na sua casa”. A jornalista logo o interrompeu: “A minha vida particular não está em pauta aqui”.
Os episódios são exemplos recentes de um fenômeno cada vez mais comum: agressões contra jornalistas mulheres perpetuadas por Bolsonaro e seus apoiadores. Nos primeiros sete meses de 2022 foram registrados 55 ataques com viés de gênero contra jornalistas, segundo monitoramento da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo). Quase metade dos casos (47%) se refere a ataques à reputação e à moral, usando a aparência, a sexualidade ou traços sexistas de personalidade para ofender as mulheres jornalistas. Em 43% dos alertas monitorados pela Abraji, a vítima cobre temas políticos.