Desde que descobriram a gravidez, em setembro de 2009, circulava entre os dois um misto de felicidade e preocupação. Apesar de já estar com 42 anos e de a situação financeira ser difícil, já que somente ela trabalhava devido ao quadro de saúde do marido cardíaco, Elineide recebeu a notícia com alegria e esperança. Seu filho já era moço, tinha 16 anos, e nas duas últimas vezes que havia engravidado, teve abortos espontâneos.
A felicidade, no entanto, passou a ser substituída pela preocupação conforme a gestação avançava. Após longa espera, ela finalmente conseguiu realizar um ultrassom, em novembro de 2009, na sua cidade, Ceará Mirim, a 33 km da capital Natal, no Rio Grande do Norte. Porém, o médico que a atendeu não informou o resultado do laudo. Percebendo algo diferente, ele apenas pediu que ela retornasse na semana seguinte e, de novo, após 15 dias, para repetir o exame.
Apesar de já ser possível identificar em ultrassom algumas malformações fetais entre a 11ª e a 13ª semana de gestação, com 16 semanas e meia, Elineide e o marido continuavam sem saber qual era a situação da gestação ou do desenvolvimento do bebê. De novembro de 2009, com 16 semanas, a fevereiro de 2010, quando já chegava a 29 semanas, Elineide não tinha informação sobre os riscos daquela gravidez para a sua vida. Sentindo que algo estava errado, com sua barriga crescendo acima do considerado “normal”, inchada e já com sintomas preocupantes – como dores de cabeça, tonturas e falta de ar -, a angústia e o medo se tornaram companhia da família.