A TDPM é muito confundida com bipolaridade e depressão, afeta mulheres em idade fértil e pode levar à morte por falta de conhecimento e tratamento adequado
Sentir inchaço, dores e mudanças de humor mensalmente é uma realidade para 80% das mulheres e pessoas com útero que menstruam. Mas para quem sofre de Transtorno Disfórico Pré Menstrual, as alterações comportamentais, emocionais e físicas são tão graves e intensas que podem acabar em suicídio. Era o que temia Maya Barreto quando implorou por uma internação psiquiátrica, depois de lutar há dias contra a ideia de colocar um fim na própria vida.
Na época ela não desconfiava que pudesse sofrer de TDPM, um transtorno psiquiátrico que acomete de três a dez por cento das mulheres na fase lútea (nome dado ao intervalo que acontece entre a ovulação e a próxima menstruação). Os médicos não falavam disso, embora já existissem evidências do que estava acontecendo no corpo dela. “Pouco tempo depois da internação psiquiátrica, eu menstruei, fiquei bem e o médico me deu alta”. Os fatos, porém, não foram ligados. Ela passou um ano entrando e saindo do consultório com diagnósticos que alternavam entre depressão grave e bipolaridade.
A suspeita pela TDPM veio do parceiro de Maya, que era psicólogo e notou um padrão nas crises. Começavam sempre antes da menstruação e desapareciam depois dela. A associação bateu de um jeito incômodo. “Você acha que eu quero me matar, por que vou menstruar?”, ela lembra de ter questionado. Sem saída, se rendeu à hipótese, fez pesquisas na internet sobre o assunto e procurou por um médico que entendesse o quadro. Pela primeira vez se sentiu compreendida. Não sofrer no escuro, já era um grande caminho.