Acesse as pesquisas “Mulheres Grávidas em Face da Síndrome Congênita do Zika”:
Quantitativa – Instituto Patrícia Galvão/Locomotiva
Qualitativa – Instituto Patrícia Galvão/Data Popular
90% das grávidas gostariam de fazer o teste de detecção do contágio por zika se pudessem
A principal demanda da maioria das mulheres grávidas no Brasil são os testes de sorologia: 90% das mulheres gostariam de realizar o teste para saber se tiveram zika durante a gravidez.
Diante de um cenário em que ciência e medicina ainda apontam mais dúvidas do que certezas sobre o impacto da epidemia sobre as mulheres e sobre os bebês em gestação, 70% das grávidas que fazem o acompanhamento pré-natal no SUS também afirmam que gostariam de ter feito mais exames de ultrassom durante a gestação para acompanhar o desenvolvimento dos bebês. O protocolo técnico do Sistema Único de Saúde prevê um ultrassom obstétrico com doppler, sendo os demais exames de mesmo tipo realizados apenas a critério médico.
Falta de informação gera angústia e prejudica prevenção
Entre as entrevistadas, 31% não tinham planejado a gestação. E embora a quase totalidade delas (96%) estivesse em acompanhamento pré-natal, 1 em cada 3 não tinha recebido orientações sobre o zika vírus.
A falta de informações pode ser decisiva para a prevenção. 45% das entrevistadas não associam a doença à transmissão sexual, hipótese já confirmada cientificamente e que ganha mais importância tendo em vista que o uso de preservativos no Brasil ainda fica muito aquém do que deveria. Entre as ouvidas, só 12% usam camisinha como método de prevenção contra a zika.
Além disso, 21% ainda associam a microcefalia a vacinas e 45% citam outros fatores além da picada do mosquito como causa da malformação em bebês. E 32% acreditam, por exemplo, que o contágio do feto ocorre apenas nos primeiros três meses – hipótese que chegou a ser cogitada cientificamente, mas já está sendo afastada.
Três em cada 10 também consideram que há risco para o bebê caso a mãe tenha zika e o amamente. E metade das entrevistadas não souberam responder se existe algum perigo de contágio se o bebê for amamentado em caso de infecção materna por zika.
TV e internet são principais fontes de informação de mulheres, que no entanto preferem orientações médicas
As mulheres buscam ativamente informações sobre cuidados com a zika na gravidez. Três em cada quatro procuram se informar. No entanto, embora internet (84%) e TV (71%) sejam os principais meios de informação, 47% delas consideram que o melhor meio para se informar sobre cuidados com o zika vírus na gravidez é o médico que realiza o atendimento pré-natal.
Nessa perspectiva, a permanente atualização dos profissionais de saúde quanto aos avanços científicos, meios de prevenção e tratamento da doença pode ser apontada como uma demanda fundamental ao poder público. Da mesma forma, a difusão de informações qualificadas pela mídia tem uma grande importância no enfrentamento à epidemia.
Outra questão importante captada na pesquisa é a distância entre a demanda das mulheres e as políticas públicas que vêm sendo implementadas no Brasil. Além da demanda por testes, exames, contraceptivos, repelentes e orientações precisas sobre como evitar o contágio em si mesmas e em seus bebês, as grávidas criticam também o foco das ações do setor público nas campanhas para o combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti. Das mulheres ouvidas na pesquisa, 64% avaliam que o governo prefere gastar dinheiro com propagandas que mandam a população limpar a casa e/ou o bairro ao invés de tomar providências para acabar com a zika. E para 76% delas, o governo culpa a população quando há uma epidemia.
Forte demanda por políticas de saneamento básico
A totalidade das mulheres afirma que a falta de serviços de água, esgoto e coleta de lixo pode causar doenças e 90% apontam o governo municipal como o responsável por esses serviços.
Para a diretora-executiva do Instituto Patrícia Galvão, Jacira Melo, as incertezas e angústias revelam a necessidade de políticas públicas e ações informacionais mais eficazes e que sejam formuladas a partir da demanda das mulheres que estão no centro da epidemia. “Somente essas mulheres podem nos ajudar a entender como o sistema de saúde as acolhe e quais são as estratégias que podem ser acionadas para lidar com a questão”, frisa. Para Jacira Melo, o “Estado brasileiro demonstra baixa prontidão frente ao drama e aos direitos das mulheres à informação e a respostas do sistema de saúde”.
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Qualitativa – Instituto Patrícia Galvão/Data Popular