(Exame, 08/03/2016) A presidente do Chile, Michelle Bachelet, pediu nesta terça-feira a aprovação de uma lei que descriminaliza o aborto terapêutico em um dos poucos países do mundo onde as mulheres não podem interromper a gravidez em nenhum caso.
“Nós, mulheres, temos o direito de tomar decisões”, afirmou Bachelet em seu discurso de comemoração do Dia Internacional da Mulher no palácio presidencial, aplaudida por uma centena de mulheres na plateia.
O Chile, ao lado de El Salvador, Nicarágua e Malta são os únicos países do mundo onde a interrupção da gravidez não é permitida em nenhuma circunstância.
Até 1989, e por mais de 50 anos, o aborto foi permitido no Chile nos casos de risco à vida da mãe ou inviabilidade do feto. Mas antes de deixar o poder, o ex-ditador Augusto Pinochet (1973-1990) proibiu a medida.
Há um ano, após uma lei enviada por Bachelet, o congresso chileno analisa uma lei para permitir o aborto em três casos: inviabilidade do feto, risco de vida para a mãe e em caso de estupro.
O projeto foi criticado pela ultra-direita conservadora e a Igreja Católica, que exerce ampla influência na sociedade chilena.
Na semana passada, as três circunstâncias para permitir o aborto foram aprovadas pela comissão de Constituição da Câmara dos Deputados. A iniciativa, deveria ser votada esta semana para seguir depois sua tramitação no Senado.
“Acredito que conseguimos avançar na sua tramitação na base de um diálogo intenso, mas respeitoso, como pede a imensa maioria da sociedade”, disse Bachelet.
De acordo com dados oficiais, mais de 16.500 mulheres ao ano entram em hospitais por gravidezes inferiores a 22 semanas, e onde há risco de vida para a mãe ou o feto e má-formações incompatíveis com a vida.
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