Especialista diz que problema começa nas próprias agremiações partidárias. E que mulheres devem ter “vida dentro dos partidos, uma máquina sob domínio do machismo”
O Amazonas, desde 2018, não elege nenhuma representante mulher para o Congresso Nacional. A última deputada federal eleita foi Conceição Sampaio, em 2014, e a última senadora representante do estado foi Vanessa Grazziotin, escolhida em 2011, que encerrou o mandato em 2019.
Conforme o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o estado tem 51% do seu eleitorado feminino. No entanto, a partir de 2018, período de maior ascensão do bolsonarismo, com a vitória de Jair Bolsonaro (PL) para a presidência da República, o estado não elegeu nenhuma mulher para a Câmara dos Deputados ou Senado Federal.
De acordo com a Ivânia Vieira, mestre em Análise do Discurso e doutora em Processos Socioculturais na Amazônia, o “Amazonas vive hoje um aprofundamento ciclo conservador e de uma direta que se distancia da conduta liberal”.
Dessa forma, as mulheres do estado enfrentam maior grau de dificuldade para vencer obstáculos a sua participação na política.
“Os empreendimentos político-partidários dos últimos anos encolhem a arte da política no Estado e na capital, Manaus. As igrejas de mercado ampliam espaço na formação de bancadas que se aliam a outras formadas por representantes das ideias mais conservadoras e da direita mais estreita. A composição desse quadro arrasta o exercício parlamentar para outra direção distante daquilo que deveria caracterizá-la e dos compromissos constitucionais que os parlamentares deveriam honrar. Mantém um quadro de subserviência pactuada com o executivo e, juntos, fazem negócios que geraram lucros a uns poucos enquanto travam o ecodesenvolvimento das cidades amazonenses, talvez, por isso, estejamos hoje com indicadores socioeconômico e ambientais negativos”, diz Vieira.