Conheça o feminismo popular da Marcha Mundial das Mulheres
Muito se diz que organização de base e ocupação das ruas são os caminhos mais efetivos para enfrentar a extrema direita. Difícil é encontrar quem realmente os percorra. Pessoalmente, fui e sou formada pela Marcha Mundial das Mulheres desde 2005. Nunca fui orgânica do movimento, mas meu feminismo foi forjado nos atos, encontros e formações da Marcha, nas conversas com Tica Moreno, Sarah de Roure, Maria Lucia da Silveira, Nalu Faria e tantas “compas” próximas e solidárias ao movimento de mulheres negras.
Desde o ano 2000, a Marcha organiza núcleos e comitês nas periferias das grandes cidades e também no campo, construindo laços profundos com as mulheres e soluções coletivas para problemas cotidianos, enquanto debatem política e economia. Internacionalista, antirracista e anticapitalista, a Marcha tem formado gerações de ativistas e protagonizado a articulação brasileira nos atos de 8 de março, no “Ele Não”, no enfrentamento ao PL Antiaborto por Estupro, na luta pelos direitos das mulheres no campo. Aprendi a batucar na Marcha, com os pés na avenida Paulista, em conexão com mulheres organizadas nas cinco regiões onde ela atua: Américas, Ásia–Oceania, Europa, Norte da África e Oriente Médio.
Entre 6 e 9 de julho deste ano, acontece em Natal (RN) o 3º Encontro Nacional da Marcha Mundial das Mulheres, que leva o nome de Nalu Faria. Cerca de 1.200 feministas de 23 estados brasileiros participam de atividades auto organizativas e debates por soberania popular sobre os corpos e territórios. A intenção é sistematizar os aprendizados de 24 anos de movimento e sonhar com o futuro de vida para todas as pessoas. “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres” é o lema da Marcha, afinal.