Manifestações contra o presidente se concentraram no início e no fim da parada. Maioria aproveitou o momento para reafirmar protagonismo LGBT e celebrar diversidade.
(HuffPost Brasil, 23/06/2019 – acesse no site de origem)
Na primeira Parada do Orgulho LGBT no governo Bolsonaro, a expectativa era grande sobre como os participantes se posicionariam em relação ao presidente, conhecido por seu histórico de declarações homofóbicas.
Apesar de não ser uma pauta da Parada em si, alguns grupos se mobilizaram para protestar contra Bolsonaro, especialmente no início e no fim da celebração.
Pela manhã, políticos e ativistas empunharam microfones para criticar o governo.
A ex-prefeita de São Paulo e ex-senadora Marta Suplicy disse que essa era “a mais importante Parada da história”, porque representava “a luta contra todo o retrocesso civilizatório que tem se apresentado”.
Os deputados do Psol Sâmia Bomfim e David Miranda também discursaram – ela puxando uma vaia contra o presidente, Miranda, destacando a importância da Parada quando se tem “um presidente declaradamente homofóbico”.
No chão, apoiadores do ex-presidente Lula estenderam uma grande faixa em frente ao Masp pedindo a liberdade do petista.
Já era noite quando, do carro de som, uma das drag queens convidadas puxou um coro de “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c.”
Mas a grande maioria dos participantes, e na maior parte do percurso da Parada, preferiu não fazer de Bolsonaro o centro do movimento. O recado geral do público LGBT foi claro: o protagonismo é deles, e não há mais volta para o armário.
Nos metros derradeiros da Avenida Consolação, próximo à Praça da República, onde termina oficialmente o evento, Rosi Mendes, lésbica, 26 anos, fez um balanço de sua primeira Parada.
“Achei completamente apaixonante. Percebi que, no clã LGBT, há muito respeito uns pelos outros, e me senti parte da comunidade”, diz. Para ela, a importância máxima do evento é para a própria comunidade entender que faz parte da sociedade e tem, sim, uma voz relevante.
″É um evento político porque é nossa chance de entrar no diálogo nacional”, afirmou. “Só a quantidade de pessoas que estão aqui já é um ato significativo demais contra o governo”.
Mulher trans que se vestiu em homenagem a Elke Maravilha, Rosana Star, de 51 anos, foi na mesma linha: ”É uma vitória, juntos somos muito fortes”.
Ela diz ter se surpreendido com a quantidade de participantes em 2019, e estima que o número foi maior do que nas edições anteriores. A avaliação era recorrente ao longo do dia, entre quem já frequentou outras Paradas.
“Acho que aqui ainda tem muitos que votaram no Bolsonaro. Nas minhas postagens eu era agredida por LGBTs mesmo. Mas acredito que a gente vai conseguir reverter”, afirma Star. “O que a gente precisa agora é se organizar.”