(Diário de Pernambuco, 23/08/2016) As autoridades brasileiras não podem baixar a guarda no combate à epidemia provocada pela infecção do vírus da zika, pois milhares de recém-nascidos estão expostos à contaminação pelo agente infeccioso que causa malformações em bebês, como a microcefalia e outros transtornos neurológicos. As estatísticas são alarmantes, não só para o Brasil mas para toda a América Latina, onde 93,4 milhões de pessoas podem ser infectadas. O que mais preocupa é que, desse total, mais de um milhão e meio seria mulheres grávidas, de acordo com projeções de estudo publicado pela revista científica Nature Microbiology.
Esforços não podem ser medidos para o controle do Zika vírus. A estimativa dos especialistas aponta que o Brasil lidera o número de infectados (37,4 milhões) pelo mesmo vetor da dengue, da febre chikungunya e da febre amarela, o mosquito Aedes aegypti. Em seguida, vem o México, com 14;9 milhões; Venezuela, com 7,4 milhões; e Colômbia, com 6,7 milhões.
O estudo divulgado pela publicação científica não deixa dúvidas sobre a magnitude do problema e o desafio que a epidemia da zika representa à sociedade e aos serviços sociais do país e da América Latina. O desafio não é apenas médico e sanitário, mas também social, já que todos os recém-nascidos afetados e seus familiares precisarão de acesso a cuidados bastante específicos.
Uma iniciativa em nível global que merece aplauso é a criação, pelo Banco Mundial, do Mecanismo de Financiamento para Emergências Pandêmicas, para o enfrentamento de epidemias como a do zika vírus. Em recente artigo publicado nos Estados Unidos, o presidente do Grupo Banco Mundial, Jim Yonk Kim, fez um alerta: o mundo continua mal preparado para enfrentar um vírus que se alastra rapidamente, caso da zika. Diante dessa realidade, a instituição financeira criou o mecanismo.
No Brasil, o Ministério da Saúde garante que manterá em funcionamento a estrutura da Sala Nacional de Coordenação e Controle (SNCC), órgão que reúne representantes de sete ministérios para apoiar e incentivar ações de combate ao mosquito Aedes aegypti. O governo, em todos os níveis administrativos, tem o dever de enfrentar com todas as armas disponíveis a epidemia que tantos perigos traz à população.
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