(Portal CCR) “Pouco se conhece sobre as práticas e as rotinas de mulheres que abortam no Brasil. Em programas de aborto legal, o método considerado mais seguro é o uso de medicamentos, sendo o Misoprostol e a Ocitonina os principais remédios utilizados.”
“Cientes de que existe a venda ilegal de medicamentos abortivos, pesquisadores do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero (Anis) verificaram como a mídia impressa brasileira noticia o comércio do misoprostol, principal substância utilizada para provocar o aborto.”
“Para a análise, foram consultadas 524 notícias de 62 veículos impressos regionais e nacionais. Os resultados apontaram que o medicamento em si é pauta permanente em destaques policiais e que as mulheres só aparecem quando a questão central não é a venda ilegal do remédio, mas o aborto provocado por ele.”
Pouco envolvimento acadêmico
“São escassos os estudos acadêmicos sobre mulheres que realizaram aborto em condições ilegais, uma realidade descortinada preferencialmente pelas notícias. Uma possível explicação para esse descompasso entre a pesquisa acadêmica e a investigação jornalística é que, diferentemente do pesquisador, o jornalista tem acesso às histórias dos personagens envolvidos sob a proteção legal do sigilo da fonte“, elucidam os pesquisadores, em artigo publicado na edição de janeiro da revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz.
“Dessa forma, segundo os pesquisadores, as narrativas jornalísticas permitem avançar no conhecimento sobre aborto clandestino no país quanto às condições de decisão das mulheres pela prática, aos métodos utilizados, às intercorrências dos procedimentos adotados e ao atendimento dispensado nos serviços públicos de saúde.”