(Portal G1/Folha de S.Paulo/O Estado de S. Paulo) Apenas quatro em cada dez brasileiros usam preservativos; metade não sabe se é ou não portador do vírus HIV. Estes são alguns dados divulgados pela ONU, que mostram que, embora seja considerado um exemplo no tratamento da Aids, o Brasil ainda enfrenta problemas com a prevenção.
Hoje, o país destina menos de 10% do orçamento de US$ 623 milhões para o combate ao HIV/Aids em ações de prevenção; o restante vai para a compra de remédios.
A taxa de uso do preservativo, considerada a forma mais eficiente de evitar a contaminação, é de 43%, inferior à de países africanos, europeus e latino-americanos. Entre homens de 15 a 19 anos a taxa é de 76%, mas cai para um a cada três entre 25 e 49 anos.
Para o coordenador da unidade de prevenção do departamento de DST/Aids do Ministério da Saúde, Ivo Brito, não é possível comparar dados nacionais do uso de preservativo com os de países onde a Aids é uma doença generalizada. O coordenador admite, no entanto, que vem ocorrendo uma queda no uso do preservativo entre jovens.
Um terço dos soropositivos na América Latina são brasileiros
A pesquisa aponta que a projeção do número de pessoas contaminadas com o HIV no Brasil cresceu nos últimos anos, passando de um mínimo de 380 mil e um máximo de 560 mil em 2001, para a estimativa de 460 mil e 810 mil pessoas em 2009.
Calcula-se também que entre 360 mil e 550 mil dos infectados com HIV no Brasil têm 15 anos ou mais. Já o número de mulheres adultas soropositivas ficou entre 180 mil e 330 mil no país em 2009.
Aids no mundo
Existem cerca de 33,3 milhões de pessoas no mundo com o vírus HIV. Mas a epidemia de Aids começa a ser revertida, segundo o relatório da ONU, que aponta que ao menos 56 países conseguiram estabilizar ou reduzir o número de novas infecções pelo vírus.
Para o infectologista Jean Gorinchteyn, do ambulatório de Aids em Idosos do Hospital Emílio Ribas (SP), a estabilização da epidemia de Aids no Brasil, que vem ocorrendo desde 2000, deve-se às campanhas de esclarecimento da população e à distribuição de medicamentos. “Diminuindo a carga viral [do paciente], você reduz o risco de contaminação”, afirma Gorinchteyn, que considera que o desafio agora é estimular o uso do preservativo entre as pessoas com mais de 50 anos. “Há uma dificuldade de falar de sexo com os mais velhos. Eles não usam preservativo, se contaminam e pensam que Aids é só para jovem.”
Acesse as reportagens na íntegra:
No Brasil, apenas 43% dos homens usam camisinha (O Estado de S. Paulo – 24/11/2010)
Brasil tem um terço dos portadores de HIV da América Latina, diz ONU (Portal G1 – 23/11/2010)
Novos casos e mortes caem pela primeira vez (O Estado de S. Paulo – 24/11/2010)
Epidemia de Aids entra em declínio (Folha de S.Paulo – 24/11/2010)
Leia também:
Avanço contra a Aids, editorial (Folha de S.Paulo – 26/11/2010)
Pílula de uso diário reduz em 72,8% contaminação pelo vírus da aids (O Estado de S. Paulo – 24/11/2010)
Droga antirretroviral é eficaz na prevenção (Folha de S.Paulo – 24/11/2010)