Precisamos, neste momento, abrir intenso diálogo com a população brasileira sobre tema
Não é segredo para ninguém que a bancada parlamentar brasileira mais ativa contra a legalização do aborto é a bancada cristã (compreendida aqui como católicos, evangélicos e kardecistas). Esses parlamentares têm se tornado fiéis da balança em muitas votações importantes para as bancadas declaradamente anti-direitos das minorias sociais – como a bancada do Boi, da Bala, dos Bancos etc.
Não demorou muito para que, nesta legislatura, fosse instaurada a Frente Parlamentar Mista contra o Aborto e em Defesa da Vida, ocorrida no dia 6 de fevereiro, a pedido da deputada católica Chris Tonietto (PL-RJ). Esse grupo de parlamentares espalha mentiras sobre o procedimento de interrupção de gestação e, com um teor altamente moralizante, ignoram o real problema do aborto no Brasil – a falta de informação e acesso aos métodos conceptivos de qualidade, a execução deficitária da Lei de Planejamento Familiar (Lei Nº 9.263), a falta de educação sexual nas escolas e, sobretudo, a violência sexual.
Desonestamente, o grupo antiaborto pouco fala a respeito de como as mulheres pobres, de maioria negra, morrem por faze este procedimento de forma insegura. A falácia da defesa da vida cai por terra no momento em que a vida de crianças grávidas não valem nada.
Não podemos esquecer que foi esse grupo, sobre a égide da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos Damares Alves, de 2019 a 2022, que chamou a menina capixaba de dez anos de assassina, ou ainda apoiou a juíza catarinense que disse que uma menina de dez anos deveria esperar mais um pouquinho, ao inves de garantir imediatamente o aborto legal e salvar a vida da menina que corria risco.