(O Globo, 08/03/2016) Pouco mais de um mês após considerar uma emergência internacional o avanço dos casos de microcefalia ligados ao vírus zika, a Organização Mundial de Saúde (OMS) reúne nesta terça-feira especialistas de vários países em Genebra, na Suíça, para reavaliar as estratégias em resposta ao surto da doença. Pesquisadores acreditam que o órgão vai elevar o alerta internacional em relação ao zika.
O Comitê de Emergência da OMS deve ainda rever suas recomendações sobre o comércio e as viagens ao Hemisfério Sul, que enfrenta a temporada de maior transmissão do vírus.
— Estamos agora na época de maior transmissão do vírus da dengue no Hemisfério Sul, que começou há um mês ou mais. Como é o mesmo vetor (o Aedes aegypti), acreditamos que esta seria obviamente a de maior transmissão do zika também — afimou Bruce Aylward, diretor executivo da OMS para Epidemias e Emergências de Saúde.
Entre os participantes do encontro estão o médico Jorge Kalil, diretor do Instituto Butantã, de São Paulo, e a bióloga Constância Ayres, do Departamento de Entomologia da Fiocruz de Pernambuco. Kalil vai comandar um dos painéis de debate hoje, sobre as tecnologias médicas para combater o vírus.
COMBATE À DOENÇA
Os cientistas vão falar sobre as medidas para combater o vírus, como diagnóstico, vacinas, controle do vetor (o mosquito Aedes Aegypti) e tratamentos.
Bruce Aylward disse que estudos recentemente publicados pela revista científica “The Lancet” sobre microcefalia e pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos sobre Guillain-Barré reforçaram a responsabilidade do vírus com relação às duas doenças. Em 1º de fevereiro, quando declarou a microcefalia uma emergência internacional, a OMS alegava que não havia indícios suficientes da má-formação em bebês com o zika.
— Desde que foi declarada emergência de saúde pública (pela OMS), continuam aumentando as evidências de que pode haver uma relação causal — explicou Aylward.
Na segunda-feira, a OMS admitiu que não está preparada para reagir rapidamente ao vírus zika, a exemplo do que já aconteceu na crise do ebola, segundo o “Jornal Nacional”, da TV Globo. A Diretora de Sistemas, Inovação e Saúde da organização, Marie-Paule Kieny, disse que é preciso encontrar uma resposta comum para a epidemia e acelerar a produção de uma vacina.
Segundo a entidade, de 2007 até o último dia 3, em 52 países e territórios foram registrados casos de transmissão local de zika. Desde o ano passado, a incidência da síndrome de Guillain-Barré, doença neurológica que causa paralisia, aumentou em oito países afetados pelo vírus. Cientistas franceses, em um estudo retrospectivo de um surto de zika na Polinésia Francesa, em 2013 e 2014, relataram, na semana passada, que ficou provada uma ligação entre zika e Guillain-Barré.
Um estudo feito com nove mulheres grávidas dos Estados Unidos que viajaram para países onde o vírus estava circulando mostrou um número maior do que o esperado de infecções e anormalidades cerebrais em fetos, informaram autoridades de saúde do país, na semana passada.
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