(Yahoo Mulher, 17/09/2014) O blog feminista Think Olga (http://thinkolga.com/), criador da campanha Chega de Fiu Fiu (http://thinkolga.com/chega-de-fiu-fiu/) contra o assédio sexual em lugares públicos e violência contra a mulher de uma forma mais ampla, lançou outro desafio interessante, dirigido especificamente para a mídia: Entreviste uma Mulher. O projeto, que pretende conectar especialistas mulheres em todas as áreas com jornalistas , pretende diminuir a diferença entre as fontes masculinas e femininas utilizadas pela imprensa. Segundo a análise de uma universidade americana, em 352 matérias de primeira página do The New York Times 65% dos entrevistados eram homens, contra 19% de mulheres (17% eram instituições). Em busca de um equilíbrio melhor, Olga criou um banco de dados colaborativo exclusivamente feminino em que as mulheres inserem suas qualificações e mini bios com palavras-chave sobre sua área de expertise que facilitem a busca pelos jornalistas.
Mulheres Incríveis, que é muito fã do blog, aderiu à campanha e entrevista aqui a própria autora da ideia, Juliana de Faria, jornalista de 29 anos que é criadora, editora, repórter e faz-tudo do Think Olga, que ela chama de a Olga, no feminino, e define como “um think tank dedicado a elevar o nível da discussão sobre feminilidade hoje”. Além de ativar as campanhas e conteúdo interativo do blog, Juliana lançou com a socióloga Barbara Castro o e-book Meu corpo não é seu – Desvendando a violência contra a mulher pelo selo Breve Companhia, da Penguin-Companhia das Letras.
Você lida bem com o rótulo de feminista?
A gente não tem mais que ter vergonha da palavra feminista. É uma palavra boa. Eu digo sim que sou feminista, que meu projeto é feminista. O principal objetivo da Olga é empoderar a mulher e me empoderar também, identificar as diferenças de gênero que ainda existem e contra as quais temos que lutar.
Existe um neo-feminismo?
Eu acho que é o mesmo feminismo de sempre, lutando contra os mesmos problemas. Mas as causas evoluem: se antes as feministas batalharam para que as mulheres pudessem votar, hoje batalhamos por aumento da representatividade política. Se conseguimos uma lei Maria da Penha contra a violência contra a mulher, agora queremos banir o assédio sexual. Enfim, são as mesmas lutas, o que mudou mesmo foi a plataforma. Na internet a articulação ficou muito mais fácil. Publicamos nosso conteúdo de forma muito simples e acessível. Podemos participar de grupos no mundo todo e fazer debates sem sair de casa, compartilhar histórias sem medo. E além de tudo os custos da plataforma são muito baixos. Meu investimento na criação do site foi de 10 dólares.
Não existem diferenças de aspirações das mulheres das novas gerações?
Acho que há uma mudança no foco das reivindicações. Se antes a mulher batalhava pela entrada no mercado de trabalho, nossa causa agora é pelo direito a ter opções: entrar ou não no mercado de trabalho, ter direito de fazer ou não fazer aborto. A ideia é que você possa escolher o que quer, sem imposições para um lado ou outro. Na Olga, o que me ajuda a navegar por essas águas tão complicadas é sempre celebrar as pessoas que dão mais opções às mulheres. E que as mulheres possam fazer suas opções sem nunca ter que pedir desculpa por isso. A internet também permite que a gente saia do feminismo acadêmico, porque falamos com uma linguagem bem mais acessível e utilizamos memes , humor que qualquer garota de 13, 14 anos vai compreender facilmente.
Cynthia Almeida
Acesse no site de origem: A criadora do blog Think Olga fala de sua campanha por mais mulheres na mídia (Yahoo Mulher, 17/09/2014)