(Débora Prado/Agência Patrícia Galvão, 29/04/2013) A jornalista Rita de Cássia Freire Rosa e a socióloga Rosane Maria Bertotti, empossadas no Conselho Curador da EBC em abril, garantem: estarão lá para ampliar a troca entre a empresa pública e a sociedade civil. Com isso, a agenda das mulheres e do movimento pela democratização das comunicações ganham reforço na empresa.
O Conselho Curador da EBC – Empresa Brasil de Comunicação – recebeu em abril dois reforços na representação da sociedade civil: a jornalista Rita de Cássia Freire Rosa e a socióloga Rosane Maria Bertotti. Apesar de terem trajetórias distintas de atuação e formação, as duas compartilham as bandeiras pela quais se mobilizam: os direitos das mulheres e pela democratização das comunicações no Brasil. Justamente por esse traço em comum, a indicação dos dois nomes foi entendida por parte da sociedade civil organizada e pelas próprias novas conselheiras como um sinal de maior comprometimento da EBC com essas duas agendas.
O Conselho Curador da EBC é a forma de participação da sociedade na sua gestão e um grande diferenciador entre ela e os canais estatais, controlados exclusivamente por governos ou poderes públicos. No sentido de promover a gestão participativa, o conselho tem prerrogativas como aprovar anualmente o plano de trabalho e a linha editorial, assim como fiscalizar a programação da EBC. Segundo o estatuto da empresa, o conselho é composto por 22 membros, sendo 15 representantes da sociedade civil, quatro do governo federal, um da Câmara dos Deputados, um do Senado Federal e um funcionário da empresa.
Rosane e Rita ocuparão por quatro anos (prorrogáveis por mais quatro) as vagas que eram de Paulo Sérgio Pinheiro e Lúcia Willadino Braga. Com a mudança, o conselho passa a ser constituído por 10 mulheres e 12 homens. Em entrevista, elas destacam seu compromisso com a agenda dos movimentos sociais que se mobilizaram em torno de sua nomeção. Confira:
Rita de Cássia Freire Rosa, jornalista. Email: [email protected] / Tel.: 95354-9258
“O trabalho que eu entendo como minha maior contribuição é atuar numa interface entre os temas tratados pelo conselho e os temas que o movimento social querem que sejam tratados, particularmente, em relação à agenda das mulheres.
Há uma questão latente sobre isso na grande mídia, que, de modo geral, mercantiliza a informação, a cultura, o conhecimento. E, do ponto de vista das mulheres, esse é um problema ainda maior, porque há a mercantilização do nosso corpo, ele é apropriado como insumo publicitário – o que cria um manto de estereótipos, de preconceitos, de ‘coisificação’, que impedem as mulheres de debater na mídia questões essenciais, a começar pelo direito ao próprio corpo, e outros como a proteção contra a violência de gênero, o próprio direito pela comunicação, entre outros.
E aí entra o papel da mídia pública: ela pode desconstruir essa cultura de ‘coisificação’. Mas, isso é algo que nem o conselho, nem a equipe da EBC podem fazer sozinhos, o diálogo com as mulheres e o movimento feminista é essencial. Eu entendo que tenho um papel no conselho de levar isso junto com outras companheiras. E isso aumenta a responsabilidade do movimento de estar pautando o que quer em termos de conteúdo veiculado e da participação da mulher nesse conteúdo”. [Leia entrevista completa]
Rosane Maria Bertotti, socióloga. Email: [email protected] / Tel.: (11) 98782-1622
“A EBC deve entrar no debate para regulamentação da comunicação, ela pode contribuir através de reportagens, mostrando a realidade brasileira, por um lado, e, por outro, dando exemplo, respeitando de antemão os princípios colocados pela Constituição Brasileira que ainda precisam ser regulamentados, como o da pluraridade na programação.
A partir do momento em que a EBC faz um programa mostrando as mulheres brasileiras do jeito que elas são, por exemplo, ela já está com uma cobertura e com programas diferenciados. Então, independente da regulação da mídia em nível de política pública federal, a EBC tem que exercer os princípios constitucionais e de liberdade de expressão na prática”. [Leia entrevista completa]