08/03/2010 – Mais qualificadas, mulheres continuam ganhando menos que os homens, diz IBGE

09 de março, 2010

Ter feito um curso superior não garante às mulheres o mesmo salário que recebem os homens; ao contrário, a diferença se acentua. É o que mostra o estudo Mulher no Mercado de Trabalho: Perguntas e Respostas, divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O trabalho baseou-se na Pesquisa Mensal de Emprego (PME), realizada em 2009 nos diversos setores de atividade econômica.
 
No comércio, por exemplo, a diferença de rendimento para quem tem onze anos ou mais de estudo é de R$ 616,80 a mais para os homens. Quando a comparação é feita para o nível superior, essa diferença sobe para R$ 1.653,70 a mais para eles.

No setor da construção, contudo, as mulheres com onze anos ou mais de estudo têm rendimento ligeiramente superior ao dos homens com a mesma escolaridade: elas recebem, em média, R$ 2.007,80, contra R$ 1.917,20 recebido pelos homens.

No geral, informa o IBGE, o rendimento das mulheres com o trabalho, estimado em R$ 1.097,93, continua inferior ao dos homens (R$ 1.518,31). Em 2009, comparando a média anual de rendimentos dos homens e das mulheres, verificou-se que as mulheres ganham aproximadamente 72,3% do rendimento recebido pelos homens. Em 2003, esse percentual era de 70,8%.

Aumentou escolaridade das mulheres em busca de trabalho

Segundo o IBGE, no ano passado, entre o 1,057 milhão de mulheres desocupadas que procuravam trabalho 8,1% tinha nível superior. Isso significa que houve um aumento na escolaridade dessas mulheres, pois em 2003 em média 5% tinham nível superior. Para o IBGE, esse crescimento é resultado do aumento da escolaridade em geral.

Outros destaques da pesquisa

Mulheres trabalham 38,9 horas semanais em média
Cresceu o percentual de mulheres adultas querendo trabalhar

Leia a matéria na íntegra: Mais qualificadas, mulheres continuam ganhando menos que os homens, diz IBGE (Globo Online – 08/03/2010)

Desigualdade ainda pesa contra as mulheres no mercado de trabalho

Para o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE, há no mercado de trabalho brasileiro uma espécie de “segregação ocupacional” na qual as mulheres estão em posições de menor prestígio, formalização e proteção social.

A professora e socióloga Eva Blay, da Universidade de São Paulo, aponta que, embora as mulheres estejam subindo lentamente na hierarquia dos postos do mercado de trabalho, as relações ainda são marcadas pelo machismo: “O mercado resiste em contratar uma mulher por medo de que ela não consiga se impor aos demais trabalhadores homens”. E Eva Blay denuncia que ainda pesa contra as mulheres preconceitos como a falsa ideia de que elas faltam mais ao serviço do que os homens.

Desigualdade no trabalho doméstico

É importante lembrar que, além do trabalho fora de casa, grande parte das mulheres precisam se dedicar a atividades não remuneradas, os chamados afazeres domésticos e cuidados com a família. Segundo o IBGE, em 2007 as mulheres de 10 anos de idade ou mais se dedicavam 22,3 horas semanais aos afazeres domésticos contra 5,2 horas dos homens.

“Estamos muito longe de ter uma cultura em que marido e mulher cooperem com esses afazeres”, lamenta Neuma Aguiar, professora de sociologia da Universidade Federal de Minas Gerais.

“A gente é invisibilizada. Parece que lavar e consertar roupa, preparar comida ou cuidar da pessoa doente estão descoladas da produção da riqueza, mas não estão”, critica Fátima Lucena, professora do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Pernambuco.

Leia essa matéria: Desigualdade ainda pesa contra as mulheres no mercado de trabalho (Globo Online – 08/03/2010)

Leia também:
Mulheres são apenas 5% entre presidentes de companhias, diz pesquisa (Globo Online – 08/03/2010)
Quando elas chefiam eles, respeito e compreensão fazem a diferença (G1 – 07/03/2010)

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