16/09/2013 – Editorial da ‘Folha de S.Paulo’ faz balanço dos seis meses do papado de Francisco

16 de setembro, 2013

(Folha de S.Paulo) Teve destaque mundial a afirmação de Pietro Parolin, nomeado secretário de Estado do Vaticano pelo papa Francisco, de que o celibato, não sendo um dogma, pode ser debatido pela Igreja Católica.

A tese defendida por Parolin não é nova. Tampouco há sinais de que terá maiores consequências no que diz respeito a casamento de padres.

 

Sua importância está no fato de um alto representante da igreja –ele assumirá o segundo cargo mais importante do Vaticano no próximo mês– defender a legitimidade do debate, provavelmente motivado pelo exemplo de Francisco.

 

É grande a diferença em relação ao papado de Bento 16. Em 2006, logo após ser nomeado prefeito da Congregação para o Clero, o cardeal brasileiro dom Cláudio Hummes argumentou de forma semelhante à de Parolin. Foi reprimido e precisou se retratar, dizendo que o celibato não estava em debate.

 

Francisco tem deixado claro que não quer transformar pontos doutrinários da igreja em cavalos de batalha –como aborto e união homoafetiva, temas evitados durante a entrevista concedida ao final da Jornada Mundial da Juventude. Aposta numa agenda positiva, pregando, por meio de uma espécie de marketing pessoal da simplicidade, o esforço contra a pobreza.

 

Colocar certos dogmas em segundo plano não significa que Francisco abrirá espaço para mudanças de monta na estrutura da igreja. Ele já deixou claro, por exemplo, que não existe possibilidade de ordenação de mulheres.

 

A equação ideal de Francisco alcançaria um equilibro entre a necessidade de uma igreja viva, capaz de dialogar com a “mudança dos tempos”, sem se desfazer de valores e tradições que lhe são caros.

 

Em seus primeiros seis meses à frente do Vaticano, Francisco buscou demonstrar uma face menos severa do catolicismo. Apontam nesse sentido reiterados gestos de despojamento e afirmações de que a misericórdia de Deus se estende aos ateus ou de que não lhe cabe condenar os gays.

 

Também à gestão da Santa Sé, envolta em escândalos de corrupção, Francisco vem dedicando atenção. Ele já substituiu o diretor do banco do Vaticano e anunciou reformas administrativas. Nem só de simpatia vive seu pontificado.

Acesse o PDF: Seis meses de Francisco (Folha de S.Paulo, 16/09/2013)

 

 

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