(Correio Braziliense) Com muita disciplina, a diarista Ivonete conseguiu comprar a casa própria. Agora, quer carro, geladeira, e um notebook igual ao da patroa
O trabalho remunerado é o elo que conduz a ascensão das mulheres da nova classe média brasileira. Após anos de dependência financeira dos pais e, depois, dos maridos, elas decidiram romper com o mito da fragilidade feminina e assumiram as rédeas do orçamento doméstico. Hoje, com mais estudo, dinheiro no bolso e qualidade de vida melhor, elas mudaram a forma como as decisões familiares são tomadas.
Mesmo nos lares chefiados por pessoas mais novas, são as mulheres quem dão as cartas. É o caso da vendedora Alane Batista Lima, 23 anos. Há seis anos, quando tinha 17, ela teve uma gravidez não planejada. Do relacionamento de dois anos e meio com o ex-companheiro, restou apenas a filha do casal, Ana Cecília, hoje com 6 anos. Desde então, é Alane quem toma a maioria das decisões envolvendo o futuro da criança, da escola particular ao plano de saúde que contratou para a filha. “O que eu ganho é para cuidar bem da minha família”, ela diz, orgulhosa.
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Passaram-se quase cinco décadas desde que militantes da causa feminista decidiram atear fogo em sutiãs, episódio que acabou se tornando um marco do processo de liberação da mulher na sociedade moderna. Desde então, em diversas partes do mundo, de coadjuvantes elas passaram a protagonistas no mercado de trabalho, na política e, principalmente, no convívio familiar. No Brasil, onde 40 milhões de pessoas ascenderam à classe média nos últimos 10 anos, não foi diferente. De cada R$ 100 consumidos pela Classe C em produtos e serviços, as mulheres são responsáveis por R$ 70. O valor é quase três vezes maior do que gastam, proporcionalmente, as mulheres mais ricas. Nas classes A e B, dos mesmos R$ 100 despejados no mercado, elas participam com apenas R$ 25.
Com mais dinheiro no bolso, elas passaram a ditar as regras em casa. De acordo com dados do instituto Data Popular, nos lares da Classe C são as mulheres quem decidem quais alimentos a família vai consumir, quais hospitais ou médicos procurar e em qual escola os filhos vão estudar. “Há uma pluralidade da nova classe média que trouxe mais identidade ao país. E nesse novo quadro, quando o assunto é o orçamento familiar, quem toma as decisões na Classe C é a mulher”, disse ao Correio o ministro da Secretaria de Assuntos Especiais (SAE) da Presidência da República, Moreira Franco
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Conquista da renda própria garante autonomia financeira às trabalhadoras (Correio Braziliense – 28/12/2012)
Com renda em alta, mulheres respondem por 70% dos gastos na classe C (Correio Braziliense – 28/12/2012)