Avanço ocorreu junto com ações afirmativas; vulnerabilidade de meninos negros ajuda a explicar fenômeno
(Folha de São Paulo | 06/08/2021 | Por Angela Pinho)
Discriminadas no mercado de trabalho, as mulheres negras tiveram uma série de avanços educacionais e são hoje o grupo mais numeroso das instituições de ensino superior públicas, mostram levantamentos recentes.
Análise dos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua Anual feita pelos economistas Ana Luiza Matos de Oliveira, professora da Flacso Brasil, e Arthur Welle, doutorando na Unicamp, mostra que elas eram 27% dos estudantes do ensino superior público em 2019, ano da edição da pesquisa com divulgação mais recente.
Foram consideradas no cáclulo as mulheres autodeclaradas pretas e pardas.
Em seguida, em ordem de participação, vinham as mulheres e homens brancos, com 25% cada um, e, por fim, os homens negros, com 23%.
O retrato representa uma mudança significativa em relação a 2001. Naquele ano, a Pnad mostrava que as mulheres negras eram o terceiro maior grupo, representando 19% no total de universitários de instituições públicas, bem atrás das mulheres brancas (38%) e dos homens brancos (30%) e à frente apenas dos homens negros (13%).
Também com dados da Pnad Contínua, trabalho de Tatiana Dias Silva, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), publicado no ano passado, mostrou que, considerando apenas os alunos ingressantes, mulheres negras já eram em 2017 o maior grupo também na soma do ensino superior público com o privado, respondendo por uma fatia de 29,3%.