Entre lideranças partidárias e de Comissões, que decidem o que avança ou não no Congresso, mulheres são minoria
(Revista AzMina | 18/09/2020 | Por Letícia Ferreira e Bárbara Libório)
Ser eleita é apenas o começo da trajetória – e dos desafios – para que as mulheres influenciem os espaços de decisão no Congresso Nacional. Ainda que tenham conseguido mais cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado Federal nas eleições de 2018, elas ainda estão longe dos cargos de poder nas duas casas legislativas: são minoria entre as lideranças partidárias, presidem somente 7 das 36 comissões permanentes do Congresso e nunca ocuparam o posto mais alto – a presidência da Câmara ou do Senado.
Quem está na presidência das duas casas tem o poder de escolher quais e quando projetos de lei serão votados, além de entrar na linha sucessória da Presidência da República. O Congresso Nacional, no entanto, nunca teve uma presidente da Câmara ou do Senado desde sua primeira assembleia, em 1826. Quem chegou mais perto foi a ex-deputada e hoje senadora Rose de Freitas (PODEMOS-ES).
Em 2011, ela lançou a sua candidatura para a vice-presidência da Câmara dos Deputados e chegou ao cargo. Foi a primeira vez que uma mulher participou da mesa-diretora da casa. Nos dois anos seguintes ela se candidatou à presidência, mas conta que foi questionada pelo próprio partido. “Por que uma mulher? Não pode ser uma mulher, porque ela vai conviver com presidente da República, ministros”, conta Rose do que ouviu na época.
E ela tinha uma resposta para esses questionamentos. “Ora, como parlamentar também faço isso. É o recado cultural que nós temos que combater dia a dia”, conta.