(O Estado de S. Paulo/Folha de S.Paulo) “[…] Me sentiria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não dizer nada contra o apedrejamento”
Em entrevista publicada pelo jornal norte-americano The Washington Post, a presidente eleita Dilma Rousseff criticou o comportamento do governo brasileiro ao se abster, em novembro, de votar uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU)condenando as violações de direitos humanos no Irã. “Não concordo com o modo como o Brasil votou. Não é a minha posição”, afirmou Dilma, que desde então vinha evitando fazer comentários sobre a decisão do Itamaraty.
Na votação, a ONU aprovou uma censura ao regime iraniano por violações de direitos humanos e pediu o fim dos casos de tortura, apedrejamentos, penas de morte, violência contra mulheres, perseguição a minorias étnicas e religiosas e ataques a jornalistas. O Brasil foi um dos 57 países que se abstiveram na votação – outros 80 votaram a favor da condenação e 44 foram contrários.
Uma das motivações da censura da ONU ao governo de Teerã foi a condenação à morte por apedrejamento de Sakineh Ashtiani, acusada de adultério e de envolvimento no assassinato do marido. Em sua primeira entrevista como presidente eleita, Dilma Rousseff criticou a sentença.
Agora, na entrevista ao Washington Post, Dilma voltou a condenar o apedrejamento de mulheres no Irã. “Não concordo com as práticas medievais características que são aplicadas quando se trata de mulheres. Não há nuances e eu não farei nenhuma concessão em relação a isso”, garantiu a presidente eleita. “Não sou a presidente do Brasil (hoje), mas ficaria desconfortável, como uma mulher eleita presidente, em não me manifestar contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando assumir.
Leia na íntegra:
Apoio a Irã na ONU foi erro, diz Dilma (O Estado de S. Paulo – 06/12/2010)
Dilma diz ser contra posição do Brasil em relação ao Irã (Folha de S.Paulo – 06/12/2010)