(Thais Herédia, colunista do Portal G1) A maior empresa do Brasil terá uma mulher no comando. Graça Foster será a decima mulher a ocupar um cargo de peso no governo de Dilma Rousseff, quando assumir a presidência da Petrobras.
O anúncio da indicação de Graça Foster para o comando da companhia foi antecipado pela colunista do G1, Cristiana Lôbo. José Sergio Gabrielli, que deixa o cargo, vai trocar os negócios pela política. O executivo, que ficou na presidência da Petrobras durante quase 7 anos, quer se candidatar ao governo da Bahia.
Falando de economia, a troca no comando da Petrobras não gerou surpresas no mercado financeiro. As ações da companhia na Bovespa passaram a operar em alta, como uma reação positiva dos investidores à novidade. Mas a troca, em si, não causou susto ou preocupação.
“Ele (Gabrielli) vinha preparando essa mudança há algum tempo, preparando o mercado para alteração do comando da Petrobras. A indicação da Graça Foster já era esperada, ela tem características importantes para ser uma candidata natural ao cargo, além do bom relacionamento com a presidente Dilma”, disse ao G1 Osmar Camilo, analista chefe da Socopa Corretora.
Nem por isso os desafios da nova executiva da Petrobras serão menores. A companhia fechou 2011 com produção abaixo das metas e com atrasos em operações importantes para o resultado da companhia.
“Será preciso fazer frente ao plano de investimentos da empresa para tirar óleo debaixo do pré-sal, atingir a meta de 4 milhões de barris por ano. A nova presidente terá que acomodar o fluxo de caixa da companhia, a estrutura de capital e a necessidade de investimento da Petrobras. A necessidade de investimento é gigantesca”, ressalta Osmar Camilo.
O ambiente econômico também não ajuda a dourar o cenário atual. A crise nas principais economias do mundo e a expectativa de baixo crescimento no próximos anos sinalizam um ambiente de aversão ao risco e baixo investimento.
A Petrobras é controlada pelo estado brasileiro. Os investidores minoritários detêm outra parte, e uma parcela de 40% deles é de investidores internacionais.
“Um dos desafios da nova direção é que a Petrobras crie uma nova relação de governança com investidores minoritários e tente diminuir o estrago causado pela ultima capitalização da companhia. São os acionistas minoritários que dão liquidez para empresa. Eles querem mais transparência e mais compromisso com os negócios da companhia”, alerta o presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (AMEC), Edison Garcia.
O executivo se refere aos processo de capitalização da Petrobras feito em 2009, quando o governo aumentou a participação no capital total da empresa e houve, segundo a AMEC, uma diluição da participação dos minoritários.
“Estamos muito muito próximos dos estrangeiros, investidores institucionais, fundos de pensão e outros que investem no mercado de capitais no Brasil. Eles são unânimes em dizer que a capitalização de 2009 deixou sequelas, com uma forte desconfiança de influencia e utilização política da Petrobras”, afirma Garcia.
O analista da Corretora Socopa concorda com o desconforto dos investidores. “O mercado tem receio de que o governo venha fazer uma nova capitalização. Por ora, parece que a Petrobras consegue realizar os investimentos com caixa próprio, respeitando a estrutura de capital e balanço da empresa”, comenta Osmar Camilo.
O presidente da AMEC, Edison Garcia, elogia Graça Foster pelo fato dela ser uma funcionária de carreira da Petrobras, profunda conhecedora do setor petrolífero e, acima de tudo, contar com a confiança da presidente Dilma.
“O conhecimento da indústria e o bom trânsito junto o controlador (União), pode facilitar o trabalho dela”, diz o executivo.
Graça Foster tem fama de durona e vai integrar um grupo de mulheres do governo Dilma que se assemelha ao jeito da presidente administrar o país.
As “gerentonas”, no jargão político, fortalecem a figura da presidente Dilma e sinalizam que a política não deve vencer todas as batalhas pelos cargos mais cobiçados do governo.
Acesse em pdf: Petrobras terá décima mulher forte do governo Dilma (G1 – 23/01/2012)
Leia também:
O comando da Petrobrás, editorial (O Estado de S. Paulo – 27/01/2012)
Ex-catadora, executiva morou no complexo do Alemão (Folha de S.Paulo – 24/01/2012)
Graça Foster leva “estilo Dilma” ao comando da Petrobras (UOL – 23/01/2012)
Executiva é obcecada pelo cumprimento de metas ( O Estado de S. Paulo – 24/01/2012)
(UOL) A atual diretora de Gás e Energia da Petrobras (PETR4), Maria das Graças Silva Foster, foi indicada pelo presidente do Conselho de Administração da estatal, Guido Mantega, para ser a nova presidente da companhia.
Segundo comunicado divulgado pela empresa nesta segunda-feira (23), o Conselho da companhia apreciará a indicação em reunião no próximo dia 9 de fevereiro.
A diretora, mais conhecida como Graça Foster, é próxima da presidente Dilma Rousseff, tendo sido cotada para assumir o cargo de ministra-chefe da Casa Civil.
“O presidente do Conselho de Administração da Petrobras, sr. Guido Mantega, já manifestou que vai encaminhar como proposta a ser apreciada na próxima reunião do mesmo… a indicação da atual Diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Silva Foster, para presidir a Petrobras”, afirmou o comunicado.
Gabrielli deve assumir cargo político na Bahia
Foster vai substituir José Sergio Gabrielli, que tem aspirações políticas e pode concorrer ao governo da Bahia em 2014.
Segundo uma fonte do governo baiano, o governador Jaques Wagner (PT) já convidou Gabrielli para ocupar uma secretaria do Estado, mas não estava claro se ele não teria que cumprir uma quarentena.
Para o Banco Espírito Santo, a mudança não deve afetar a operação da empresa, ou mesmo suas ações. Isso porque, apesar de Gabrielli estar há vários meses à frente da Petrobras, a administração vai continuar alinhada com os interesses do Governo. Apesar disso, a indicação não seria vista como uma manobra política, na opinião do analista Igor Maresti.
Outras possíveis mudanças
Gabrielli pode não ser o único executivo a deixar a diretoria da estatal.
Uma fonte do governo federal disse que Dilma também estuda a substituição dos diretores financeiro, Almir Barbassa, e de Exploração e Produção, Guilherme Estrella. Segundo a fonte, as mudanças na diretoria estariam restritas a esses postos.
(Com informações de Reuters e Infomoney)
Acesse em pdf: Mantega indica Graça Foster para presidência da Petrobras (UOL – 23/01/2012)
(Correio Braziliense) A diretora de Gás e Energia, Maria das Graças Foster, assumirá a presidência da Petrobras no lugar de José Sergio Gabrielli. A troca pode ocorrer na próxima reunião do Conselho de Administração da estatal, prevista para 13 de fevereiro. A mudança era um desejo antigo da presidente Dilma Rousseff, que vai aproveitar a minirreforma ministerial iniciada na semana passada. Ela já acertou a troca com os dois executivos da estatal. As substituições não devem parar por aí. Outros diretores, como o de Finanças, Almir Barbassa, e de Exploração e Produção, Guilherme Estrela, também poderão deixar a empresa.
Gabrielli acalentava há tempos o desejo de sair da presidência da Petrobras, cargo que ocupa há seis anos. Mas o plano era desembarcar do governo federal em 2013, no mais tardar, em 2014. Ele deve ser o candidato do PT à sucessão de Jaques Wagner no governo baiano. Gabrielli chegou a ser cotado para a prefeitura de Salvador, mas o PT optou pelo deputado federal Nelson Pellegrino (BA).
Seguindo a legislação federal, Gabrielli passará por um período de quarentena. O Correio apurou que, a ele, se seguirá um recesso pessoal para descanso. Após essa fase, Gabrielli deverá assumir um cargo no governo de Wagner. As opções mais cotadas são: secretaria de Indústria e Comércio ou a Secretária de Fazenda.
Maria das Graças Foster é uma técnica respeitada e dura na cobrança de resultados, características que a aproximam do perfil de ação de Dilma Rousseff. A admiração mútua consolidou-se quando Dilma tornou-se chefe da Casa Civil e a Petrobras passou a ter um papel preponderante no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Dilma tentou indicar Foster para a chefia da Casa Civil em 2010, mas acabou cedendo aos apelos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que sugeriu o nome de Antonio Palocci, um dos coordenadores da campanha presidencial do ano passado.
Aprovação é recorde
Pesquisa do Instituto Datafolha divulgada na tarde de ontem mostra que a presidente Dilma Rousseff é aprovada por 59% dos brasileiros, que consideram a gestão ótima ou boa. Outros 33% classificam a gestão como regular e 6%, como ruim ou péssima. De acordo com o instituto, o índice de aprovação ao fim de um primeiro ano de governo é recorde, maior do que o alcançado por todos os presidentes que antecederam Dilma desde a volta das eleições diretas. O Datafolha ouviu 2.575 pessoas em 18 e 19 de janeiro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Acesse em pdf: Mulher comandará maior estatal do país (Correio Braziliense – 22/01/2012)