Partidos políticos precisam investir em mandatos de mulheres, avalia especialista

13 de março, 2018

Joaninha Ramos, Catarina Ramos e Rosana Ramos são irmãs.

(Radioagência Nacional, 13/03/2018 – acesse no site de origem)

As três se filiaram ao PHS e disputaram uma cadeira na Cãmara dos Vereadores de Campinas, em São Paulo, em 2016.

No mesmo ano, Jacó Ramos, o irmão, concorreu ao cargo de prefeito. Jacó perdeu as eleições, mas teve cerca de 2 mil votos. Já as três irmãs não tiveram nenhum. Nem mesmo os próprios.

Os números do TSE, o Tribunal Superior Eleitoral, mostram que desempenhos como os das irmãs Ramos são mais comuns do que parecem entre as mulheres. Nas eleições municipais de 2016, mais de 16 mil candidatos de todo o país não receberam votos. Nove a cada dez eram mulheres.

Para a professora de Ciência Política da Universidade de Brasília, Flavia Birolli, a justificativa é que muitas dessas mulheres são registradas como candidatas apenas para cumprir a lei que determina que cada partido deve ter, no mínimo, 30% de candidatas mulheres.

Sonora: Os partidos procuram simplesmente registrar mulheres para cumprirem a lei, mas não investem nessas candidaturas. O registro da candidatura é apenas o início se não há investimento. Simplesmente são esvaziadas.

Essas ‘candidaturas laranja’ ajudam a explicar porque quase dez anos depois de aprovada uma lei definindo um mínimo, ainda é baixa a representação feminina na política.

Na Câmara dos Deputados, menos de 11% das cadeiras são ocupadas por mulheres. No senado, menos de 15%.

Para a ex-ministra do TSE, Luciana Lossio, a saída é garantir a paridade entre homens e mulheres não nas campanhas, mas nos mandatos.

SONORA: É paridade de gênero ou seja, metade, metade. Nos países da Europa os próprios partidos políticos,  voluntariamente reservam de 40% a 50% para as mulheres. Eu não tenho dúvida de que nos Brasil nós precisamos aplicar essa política afirmativa que é a reserva de cotas.

Mas enquanto a lei não muda, a revista feminista AzMina resolveu fazer campanha para estimular a participação real das mulheres na política.

A hashtag “Seja a líder que te representa” está no ar com dados sobre a baixa representação das mulheres e pedindo para que as pessoas resgatem frases machistas de políticos. Mas o objetivo é maior. A ideia é estimular que o maior número possível de mulheres disputem a próxima eleição como candidatas. O prazo para o registro de candidatos é no dia 7 de abril.

Para Carolina Oms, diretora d’Azmina só com a entrada das mulheres na política é que algumas distorções podem ser corrigidas.

Sonora: A ideia dessa campanha é que a gente não fique só lutando pra não perder direitos como é o caso dos congressistas que tentaram inclusive acabar com o direito ao aborto em caso de estupro, mas que a gente ao ser mais representada inclusive por mulheres que a gente avance em pautas que são importantes para o movimento feminista e pros direitos das mulheres e pra igualdade de gênero.

A reportagem tentou contato com o PHS para falar sobre a escolha das irmãs Ramos como candidatas, mas não teve retorno.

Também tentamos contato com as irmãs, mas não conseguimos localizá-las.

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