(Universa | 23/04/2021 | Juliana Deodoro)
Janaína* está exausta. Professora de uma escola particular de elite em São Paulo e mãe de adolescentes, ela vive há alguns meses entre culpas, medos e o cansaço. Mas na última semana, quando foi permitido mais uma vez que as escolas retornassem ao ensino presencial no pior momento da pandemia de covid-19 no país, ela estava mesmo era magoada.
“Eles dizem que se a gente continuar perdendo alunos pelas nossas escolhas, a escola pode fechar. É como se nos colocassem como responsáveis pelo que está acontecendo. Os professores estão fragilizados e ainda precisam ouvir que podem perder o emprego, que a escola vai falir, que os alunos estão com problemas emocionais. Nós sabemos disso tudo. Mas eu vou ter que dizer que estou tentando também proteger o teu filho, que é meu aluno?”, diz.
A professora faz parte do grupo de risco, teve problemas de saúde no ano passado e durante a conversa com Universa, alternou momentos em que parecia exasperada e triste. A escola em que trabalha decidiu fazer o retorno às aulas em fases. E, apesar de reiterar algumas vezes que a instituição é “ótima”, ela avisa que não voltará às aulas presenciais. “Eu estou em greve. Nem que seja sozinha”, diz.