Independentemente de grupo socioeconômico, número de horas dedicada à casa não varia entre homens
Já sabemos que, na média, somando o trabalho econômico e o trabalho doméstico, mulheres trabalham significativamente mais do que os homens e assumem a maioria das horas dedicadas ao trabalho doméstico. Chama atenção que as mulheres alocam o dobro de tempo dos homens neste último, um dia de trabalho a mais por semana, 8 horas.
Será que a divisão do tempo com trabalho doméstico se modifica quando se trata de um casal rico? E de mulheres ricas? Será que os casais mais jovens, potencialmente mais influenciados pelo debate atual sobre a desigualdade de gênero, estão mudando a divisão dos afazeres domésticos?
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2022 mostram que sim, existe uma desigualdade entre as mulheres na alocação das horas de trabalho doméstico, no entanto, na alocação de homens, não. Eles dedicam 10 horas semanais ao trabalho doméstico independentemente do grupo que pertençam.
O retrato da divisão de tempo entre trabalho econômico e tarefas domésticas é bastante heterogêneo. Entretanto, especificamente sobre a alocação de tempo nos afazeres domésticos, em nenhuma das classificações criadas, os homens alocam algo diferente de 10 horas: ricos, pobres, jovens, casados, inseridos no mercado de trabalho, o número de horas é o mesmo.
Chama a atenção a homogeneidade na delimitação do número de horas, que talvez esteja mais atrelada ao sexo do que a outras variáveis. A alocação de horas entre as mulheres muda radicalmente a depender do grupo a qual pertencem.
Mulheres pobres alocam em torno de 25 horas por semana nas tarefas domésticas, mulheres casadas com até 44 anos alocam 23 horas, mulheres jovens, 21 horas, mulheres jovens casadas que trabalham, 19 horas, mulheres casadas que trabalham, 19 horas, mulheres casadas ricas, 15 horas, e mulheres ricas, 14 horas. A variação do número de horas entre as mulheres é de 14 a 25 horas, enquanto entre os homens, os mesmos grupos variam de 9 a 11 horas. Em nenhuma das categorias, os homens alocam mais horas do que as mulheres, apesar da soma total entre doméstico e econômico variar.
Mulheres ricas e que trabalham destinam menos horas do que as pobres, as jovens e as jovens e casadas. É possível que, conforme tenham mais recursos, elas adquiram a prestação de serviços de cuidados, e essa contratação não seja possível para as mais vulneráveis, que assumem todos os afazeres. Já entre os homens, o número de horas permanece estável em 10 horas, pobres ou ricos, jovens ou não.