(O Globo, 15/05/2015) Estudo internacional divulgado em São Paulo mostra que elas representam apenas 6,4% da diretoria das 100 maiores empresas da região
As mulheres representam apenas 6,4% da diretoria das 100 maiores empresas da América Latina, segundo levantamento da Corporate Women Directors International (CWDI), divulgado pelo fórum Global Summit of Women nesta sexta-feira em São Paulo. Quase a metade (47) dessas empresas não tem uma única mulher em seu conselho de administração.
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Os números colocam a América Latina atrás da América do Norte (19,2%), Europa (20%) e Ásia – Pacífico (9,4%). A África foi desconsiderada na pesquisa. Entre os países latino-americanos representados por mpresas no estudo, a Colômbia está na liderança, com 13,4% dos assentos no conselho das suas maiores empresas ocupados por mulheres, mais que o dobro da média da região. No Brasil, cujas empresas compõem quase metade das maiores empresas na lista, a média é de 6,3%. Empresas do México têm apenas 5,1% da representação no conselho feminino, enquanto a percentagem do Chile, de 3,2%, é a mais baixa na região. Entre as empresas que contam com diretores do sexo feminino, 43% têm apenas uma só mulher.
— Embora exista um esforço global, em grande parte impulsionado pela Europa, para aumentar a presença de mulheres nas diretorias, as empresas latino-americanas estão sendo deixadas para trás no quesito de promoção de mulheres a cargos de liderança — afirma Irene Natividad, presidente da CWDI.
A empresa de melhor desempenho entre as 100 maiores da América Latina é o Grupo Argos, na Colômbia, com 28,6 % de mulheres dirigentes (2 para 7). A Organização Soriana, no México, ficou em segundo lugar, com 25% de mulheres ocupando assentos no conselho (2 para 8) e empatados em terceiro lugar estão Grupo Exito (Colômbia), Falabella (Chile) e Banco Santander (Brasil), sendo que os três têm 22% de mulheres em suas diretorias. Nenhuma das grandes empresas que participaram da pesquisa possui três ou mais mulheres diretoras.
A corporação responsável pelo levantamento aponta o projeto de lei que prevê o estabelecimento de cotas de mulheres nos conselhos de administração das empresas públicas e privadas como uma medida importante para o país.
— Embora os números sejam baixos, existem medidas práticas que os países podem tomar para aumentar a presença das mulheres na sala de reuniões. No Brasil, o projeto de lei de cotas ainda não aprovado, que exige que um mínimo de 40% dos diretores das empresas estatais sejam mulheres, é uma esperança para o futuro — explicou Irene.
Caso este projeto de lei seja aprovado, o Brasil será a primeira economia da América Latina a adotar um mandato legislativo para mulheres nos conselhos, uma estratégia agora admitida por vários países. Ele se juntará a outros 22 países com cotas para as mulheres, sejam por empresas estatais ou de capital aberto.
O relatório também recomenda a inclusão da diversidade de gênero em códigos de governança corporativa, uma iniciativa do setor privado em 24 países que tem melhorado o acesso das mulheres às diretorias e que pode ser adotado pela América Latina.
— É importante introduzir mais mulheres para os conselhos de administração para dar continuidade ao crescimento econômico da América Latina e competitividade global à região — diz o documento.
O estudo cita várias pesquisas em praticamente todas as regiões do mundo, que mostra que o aumento da presença das mulheres em cargos de liderança corporativos , como diretoras ou executivas seniores, está correlacionado com as empresas de maior rentabilidade e sucesso financeiro. E que a América Latina precisa “enxergar a lógica econômica por trás da promoção da participação das mulheres no mais alto nível de liderança corporativa”.
GLOBAL SUMMIT OF WOMEN
Conhecida como o “Davos das mulheres”, a Global Summit of Women reúne cerca de mil mulheres de vários países, diversas culturas, idiomas, idades e crenças com duas coisas em comum: todas são mulheres e dirigentes. São 45 diretoras executivas e centenas de diretoras de empresas de quatro continentes que olham para o topo da pirâmide laboral, onde os postos de comando são ocupados geralmente pelos homens.
Da mesma forma como ocorre no Fórum de Davos, a Global Summit of Women discute políticas elaboradas com diretoras de empresas e empreendedoras e trocam experiências para melhorar a direção das companhias e da economia. Além de maneiras de incluir a mulher na economia e aumentar a participação da mulher em postos de chefia. Uma das mensagens do encontro é provar que uma maior participação das mulheres na economia é, de fato, um bom negócio.
Julianna Granjeia
Acesse o PDF: América Latina está na lanterna mundial das mulheres em cargos importantes (O Globo, 15/05/2015)