Embora o assédio sexual seja frequente em empresas, muitas vítimas não se sentem seguras ou não encontram canais corporativos para denunciá-lo.
(UOL Economia | 09/07/2021 | Por Diogo Antonio Rodriguez)
Recentemente, dois casos de assédio chamaram a atenção no Brasil. O jogador de futebol Neymar e o presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, foram acusados de cometer assédio sexual no ambiente profissional. Uma pesquisa do LinkedIn em parceria com a consultoria Think Eva mostrou que 47% das mulheres já sofreram assédio sexual no trabalho.
O levantamento identificou um perfil predominante entre as profissionais assediadas: a maior parte é de mulheres negras (52%) que recebem entre dois e seis salários mínimos (49%). No que diz respeito aos cargos, a maioria ocupa posições hierárquicas menores: assistente (32,5%), pleno ou sênior (18,6%), estagiária (18,1%) e júnior (13,4%). Apesar disso, mesmo entre a minoria que ocupa posições de liderança, o índice de relatos de assédio é alto: 60% das gerentes e 55% das diretoras mencionam já ter sofrido assédio sexual.
A pesquisa também indica que as mulheres têm consciência da importância de debater e expor o tema. A maioria das participantes (51,4%) afirmou conversar sobre o assunto com frequência e 95,3% sabem definir o que é assédio sexual no trabalho. Os incidentes mais frequentes são a solicitação de favores sexuais (92%), contato físico não solicitado (91%) e abuso sexual (61%).
Quando o assédio acontece, um terço das vítimas (33%) afirma não ter feito nada em relação ao episódio; 50% contaram para alguém próximo e 14% pediram demissão. Apenas 5% recorreram à área de recursos humanos e 8% procuraram sistemas de denúncia anônima da empresa. Dentre as barreiras citadas para denunciar estão a impunidade (78%), descaso (64%), medo de exposição (64%), descrença dos outros (60%), medo de demissão (60%), medo de ser culpada (41%), falta de certeza sobre se o ocorrido foi assédio (27%) e sentimento de culpa (16%).